terça-feira, 25 de agosto de 2015

CITAÇÕES DIVERSAS

                     QUANDO A LEI E A MORAL DIVERGEM

“Na escola dirigida por Roberto, os alunos organizaram uma recolha de fundos para uma instituição de caridade.
Para incentivar a participação de todos pensou-se um concurso com diversos prémios, sendo o primeiro uma bicicleta de montanha. Cada dez euros recolhidos davam direito a um bilhete.
No final da campanha todos se reuniram no auditório da escola para se proceder ao sorteio. Tudo correu em ambiente de feliz confraternização, com a entrega dos prémios a quem a eles tinha direito.
Acontece que a vencedora da bicicleta, Tatiana, não participou na angariação, tendo entrado no sorteio com um bilhete oferecido pela amiga Clarabel, que havia ganho vários bilhetes.
Assim, um aluno que sabia da situação procurou o professor Roberto e queixou-se que não era justo o pricipal prémio ser entregue a alguém que não tinha angariado um centavo.
Roberto, que desconhecia este pormenor, ficou sem saber o que fazer, porque entretanto apareceram mais queixosos, entre os quais o pai de Clarabel, que reivindicava para a filha a bicicleta.
O director da escola não queria repetir o sorteio, mas não vislumbrava uma saída satisfatória para o problema e o ambiente estava a tornar-se tenso.
Em termos legais, a Tatiana tinha direito ao prémio, dado que o bilhete lhe tinha sido oferecido de livre vontade pela amiga Clarabel, mas era moralmente embaraçoso alguém que não mexera uma palha na recolha de fundos usufruir de um prémio justamente instituído para esse fim.
Por outro lado, o mais importante de tudo, que era o empenho de grande parte dos alunos numa boa acção, tinha passado para segundo plano, sobressaindo o egoísmo sempre latente no ser humano. Qual será a finalidade mais elevada da caridade: ajudar os necessitados por sermos compassivos, ou ajudá-los por querermos ganhar um prémio?
Analisada a questão de vários ângulos, Roberto viu finalmente uma saída e emitiu uma NOTA onde dizia que os bilhetes para o sorteio não eram transmissíveis entre os alunos, pedindo desculpa por ter faltado esse ponto no regulamento.
Ficou claro que a bicicleta deveria ficar com a Clarabel, que uma vez na sua posse poderia fazer dela o que bem entendesse, inclusivé oferecê-la à sua amiga Tatiana.
Todas as pessoas envolvidas na angariação de fundos e no sorteio tiveram as melhores intenções. O conflito com os prémios não tinha sido previsto e deu mais canseira do que alguém teria podido adivinhar. Mas uma das lições que deste caso se pode tirar é que é sempre possível encontrar a solução ética para todos os problemas.”

Nota-Lamentávelmente não sei de onde copiei estes apontamentos, que constam dos meus papéis sem qualquer referência à fonte e me pareceu interessante transcrever.
Amândio G. Martins




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