quinta-feira, 27 de agosto de 2015

TODO O MUNDO É DE TODOS OS HOMENS





Palmira sou eu e o que sou. Todos aqueles monumentos foram feitos pelos meus avós e os teus. Gaza tem uma bonita praia onde gostaria de me banhar, gozar o seu fim de dia,assistir ao pôr de sol empolgante, tão empolgante e meu, como é minha uma qualquer praia no Algarve e o seu pôr do sol. Allepo é uma das cidades mais antigas do mundo, é uma história minha – e tua – somos seus herdeiros naturais.
Qualquer refúgio entendo como casa, de que sou fiel possuidor da chave da porta de entrada. Simplesmente abro-a e pouso o chapéu, descalço os pés dos pós do caminho e preparo a melhor das refeições para receber os amigos, e descansarmos no remanço acolhedor, quente, de um espaço que é meu e deles e nos tranquiliza.

Chegamos até a dizer baboseiras e fazer pantomimas, quando findo o jantar estamos relaxados e seguros. Depois, dormimos num silêncio reparador que recupera a nossa inocência para a expectativa de um amanhã triunfal,de belo.

Posso se quero e me apetece, atravessar todas as fronteiras. Em mim elas não existem, porque ando naturalmente, tomando nota das paisagens e das gentes que me acenam e que lhes aceno, nesse caminhar-passeio, com um à-vontade que até a mim me estranha, mas é assim que as coisas devem ser: andarmos sempre por todo o aí, leves como uma pena.

Falo todas as línguas, reconheço a agrado-me com todas as culturas, vem-me a lágrima fácil ao escutar as musicas e ver os folclores.
Estou tão bem aqui como na Patagónia. Os patagónios são como eu, assim como os Sírios, os Etíopes, os Palestinos, os Judeus, os Alemães.

Os nossos olhos absorvem e processam todas as malandrices e subtilezas da luz, a nossa pele vive os mesmo arrepios perante o prazer e perante a dor, os corações que são a alma e o orgão da vida, palpitam com os mesmos batimentos ritmados, e emocionam-se muito.

Deslumbramo-nos e desesperamos todos os dias. Somos homens, ainda bem!


Sendo assim, todos, tão iguais, como se pode presumir que este mundo não seja todo nosso?

2 comentários:

  1. É um belo documento, uma mensagem impregnada de PAZ e FRATERNIDADE, na linha de outros escritos do Luís, nem sempre suficientemente compreendidos. Hoje, dia 2 de Setembro, o jornal Público prestou mais um bom serviço aos leitores, publicando-o. Parabéns ao jornal e ao autor.

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  2. Este texto foi publicado hoje no Público!
    Percebeu-se um dos critérios de seleção dos textos dos leitores: a atualidade dos mesmos. O texto do Luis «rimava» com uma das notícias da primeira página: os ataques do EI à cidade de Palmira...Bonito texto.

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