Diz a canção ‘tenho todo o tempo do mundo’. E todos os
acomodados com a vida, vivendo-a no ramerrame do dia-a-dia, e não querendo mais
do que isso, aceitam tal situação temporal, como se fossem, sem pensar,
eternos, em que o tempo não conta.
Sendo assim, tal situação temporal de se ter ‘todo o tempo
do mundo’, a quietude seria tão inquietante, que nós seríamos, talvez, apenas
pedras vivas, cobertas pelos musgos dos tempos, que tempos teriam para se
postarem perante ‘todo o tempo do mundo’ e dos tempos dos mundos que virão, na infinitude dos tempos que tempos terão para
termos ‘todo o tempo do mundo’.
E eu, pobre mortal, à beira dos tempos postado, acho que não
terei ‘todo o tempo do mundo’, nem lamechas sou, para a todos confessar que
jamais terei ‘todo o tempo do mundo’, pois sinto-me, e sou, tão pequeno, que
nem tempo terei para tudo a todos exprimir, neste meu micro espaço temporal do
tempo que a vida terrena me está a conceder, sem ter ‘todo o tempo do mundo’
para ter mais tempo para tal vos dizer, acerca da canção que diz, erradamente,
‘tenho todo o tempo do mundo’, que, afinal, não tenho, nem nunca terei.
José Amaral
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.