VEMOS OUVIMOS E
LEMOS
Se existe
alguma regra generalizada e absoluta, algo de constante neste mundo, é que, sob
uma aparente imobilidade, tudo se move constantemente, tudo muda, tudo evolui
sem parar e nunca nada é definitivo. Este simples facto confirma que no nosso
mundo terreno tudo é pura ilusão…
Imaginemos o
Homem da antiguidade: o movimento dos Astros, do qual foi testemunha
privilegiada, não podia deixá-lo indiferente. Ao ver o céu transformar-se
diante dos seus olhos, pensou logo que este era povoado por seres dotados de
poderes sobrenaturais e assim nasceram os deuses.
Actualmente
custa-nos imaginar que, em tempos remotos, o homem de saber estava em condições
de exercer várias disciplinas: Astrónomo, Astrólogo, Médico, Matemático, Mago,
Poeta e Artesão.
Ao
especializar-se, o homem de hoje isolou-se e dividiu princípios que só têm
sentido se estiverem juntos. Perdeu, mais do que uma ética, um sentido inato da
vida. Acredita que sabe tanto do mundo que o rodeia que sente necessidade de
procurar o desconhecido em longínquas regiões extraterrestres.
Não restam
hoje dúvidas de que a natureza e o meio envolvente exercem sobre o carácter e
comportamento das pessoas grande influência, coisa de que os homens da
antiguidade já tinham perfeita consciência.
Observando
atentamente, é fácil perceber que as qualidades e defeitos dos nossos
antepassados são muito próximos dos nossos e que apesar das imposturas das
civilizações, o ser humano não evoluiu assim tanto…
Ao
observarmos a natureza, fauna e flora, facilmente nos apercebemos de que à
nossa volta tudo é linguagem, mas à medida que as sociedades humanas se
estruturam e “civilizam”, afastando-se do contexto natural, os artistas começam
a pintar paisagens cada vez mais ricas. Está aí um sinal de desunião com a
natureza, uma ruptura brutal do ser humano com o seu meio natural.
Num tempo em
que o indivíduo se confundia com a natureza, não sentia a necessidade de
representar uma paisagem quando pintava. O que ele afirmava nos seus desenhos eram
momentos únicos que passavam. Quanto ao cenário, não sentia necessidade de
desenhá-lo, visto que se confundia com ele.
Actualmente,
a difusão informática ganhou tal dimensão e os seus instrumentos são tão
atraentes que pouco a pouco nos vamos esquecendo do conteúdo das informações.
Um dos paradoxos do nosso tempo é que, dispondo de muitas fontes de informação,
cada vez sabemos menos como tirar proveito do que lemos, ouvimos e vemos, visto
já ser difícil distinguir o real do virtual.
Apanhados
pela parafrenália tecnológica, vamos perdendo dia a dia um pouco do nosso
sentido de observação. E foi observando ao longo dos tempos, com toda a
atenção, todos os fenómenos da natureza, que o ser humano pôde crescer, evoluir
e aprender tudo o que sabe hoje.
Podemos,
então, considerar, que aquilo a que chamamos destino é uma panóplia complicada,
porque os tons que queremos dar à nossa vida, segundo as nossas motivações e
desejos, só depende de nós mesmos. Assim, pode ser dito: O que sou, é o meu
destino; o que faço é o meu livre arbítrio. Do que se depreende que nenhum
futuro está de antemão estabelecido.
NOTA –
Apontamentos diversos transcritos por
Amândio G.
Martins
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