APESAR DE TUDO, A
VIDA É BELA
Os problemas
de ordem mental e emocional são hoje os mais preocupantes. As crises de
insónias, ansiedade, irritabilidade, esgotamento, depressões levam ao consumo
exagerado de calmantes, com as consequências de dependência que provocam.
A maioria das
pessoas parece raramente estar contente com o momento presente, com aquilo que
faz, com aquilo que lhe acontece, com aquilo que possui. Volta mais a sua
atenção para aquilo que deseja que aconteça e não acontece, para aquilo que
deseja possuir e não possui.
E assim as
pessoas se deixam engolir pela roda infernal dos acontecimentos, enredando-se
na sua própria perspectiva de vida, deixando-se vencer por atitudes impensadas,
perdendo o sentido das coisas e criticando tudo e todos à sua volta.
Depois é
vulgar seguir-se a busca das soluções nos outros, procurar a muleta religiosa
que proporcione alguma solução milagrosa, procurar poderes mágicos que resolvam
as situações.
É curioso
como as pessoas se entregam tão cegamente à sabedoria dos outros, como se lhes
faltasse inteligência, força interior, capacidade de encontrarem por si o
caminho. Mas é importante compreender que não adianta procurar lá fora o que
podemos encontrar com facilidade em nós mesmos. Encontrar o rumo certo não é
complicado, nós é que temos tendência a procurar nos outros o que afinal está
em nós.
A verdadeira
paz, a tranquilidade de espírito passa pelo encontro de cada um consigo
próprio, satisfazendo-se com aquilo que possui. Assim, os objectivos
interesseiros acabam por desaparecer, pois eles reflectem uma concepção
limitada da vida. As nossas motivações desinteressadas, de amor à verdade e à
vida, são a melhor terapia contra a mesquinhês.
Aquele que
souber respeitar o seu passado, admitindo que se não fez melhor foi porque não
sabia, está em condições de se satisfazer com o seu presente,
disponibilizando-se para fazer o que tiver de ser feito, mantendo-se atento às
oportunidades que a vida lhe oferecer.
Estará em
condições de seguir o seu caminho com a serena firmeza de quem constrói o seu
próprio destino na utilização apropriada do seu livre arbítrio. Tanta gente diz
querer encontrar a verdade, quando afinal ela está em nós próprios. Tanta gente
gasta tanta energia a procurar longe aquilo que está em si. Tanta gente se
deixa influenciar negativamente pelos outros, quando é a compreensão da sua
própria natureza que lhe permite encontrar
o sentido da sua missão no mundo.
“Como
resumiria a sua experiência de vida” – perguntaram ao prof. Agostinho da Silva,
então com noventa anos: “Dizendo que vale a pena jogar na confiança; que é bom
estarmos de sobreaviso quando tudo nos corre bem; que não é mau cantar-se
quando chove; que não façamos má cara às nossas fraquezas, porque nos pode
ficar o rosto demasiado enrugado perante as fraquezas dos outros; que não
prejudica bater às portas, quer se abram ou não; que nunca julguemos ser
senhores da verdade; que nada excluamos em nós para sermos atraentes, ou
seremos as galinhas tristes que jardineiros de mau gosto talham no bucho dos
parques. E, finalmente, que não demos demasiada importância às experiências dos
outros: para nós só são fecundas e válidas as que nós próprios tivermos”.
NOTA –
Transcrito por Amândio G. Martins
Estarmos bem (=sermos felizes?) é "querermos o que temos" e não "termos o que queremos". E isto nada tem a ver com conformismo ou acomodatismo.
ResponderEliminarUm abraço.