Bonitos aqueles que sabem amar
Andar cada dia mais revoltado
Em nada ajuda a melhorar o mundo
Se o que falta fazer é profundo
Mais exige espírito ponderado.
Por mais que ande tudo degradado
Exija que se dê um NÃO! rotundo
Não pode um espírito gemebundo
Fazer-nos alcançar o bem sonhado...
Bonitos aqueles que sabem amar
Não prometem o que não podem dar
Nem iludem a nossa confiança;
Rejeitam ideias mirabolantes
Que nos deixariam pior que antes
Para manter inteira a esperança...
Amândio G. Martins
O Amândio perdeu a capacidade de se indignar. Está conformado, foi vencido pela erosão do tempo. Atirou a toalha ao chão.Reconhece que isto vai mal, mas...
ResponderEliminarMantêem-se as premissas que levaram Torga a escrever assim, num seu Diário em 1985: "Continua o entremez político. A mediocridade, a avidez e o desplante instalaram-se a todos os níveis da governação, e Deus nos acuda. Mas não é a degradação da classe dirigente que mais me aflige. Nunca alimentei ilusões a seu respeito. O que verdadeiramente me mortifica é o desinteresse, a indiferença com que o país assiste ao espectáculo. Não se vislumbra o mínimo sinal de indignação. È um alheamento trágico, que presencia o aviltamento de braços cruzados, impassível, sem um resmungo, sem uma impaciência. Há horas colectivas más. Esta, pana nós, é uma delas. Enquanto durou a ditadura confiávamos no futuro. Embora subjugados, éramos subversivos em pensamento. Tínhamos a esperança na vontade e a liberdade na imaginação. Agora, que fizemos a mais arbitrária revolução da nossa história, ficámos frustrados e desmotivados. Parecemos mortos a representar a vida no palco da nação".
Gostei. Mais a mais no dia de hoje. E nas entrelinhas há aquela "pitada" culta e critica que o caracteriza e não é a de um desistente....
ResponderEliminarHá-de haver perto de cem anos, Almada Negreiros dizia qualquer coisa como isto: "Já foram ditas todas as palavras acerca de como salvar Portugal; só falta salvar portugal. Há-de haver para aí uns 3 mil anos, um sábio grego falava assim da juventude: "Não entendo os jovens de hoje; não querem trabalhar, não gostam de estudar, só querem divertimentos e já nem respeitam os mais velhos". Portanto, Valdigem, nós não estaremos em desacordo, é tudo uma questão de perspectiva...
ResponderEliminarSim, também eu posso aqui citar o General Eanes, defensor indiscutível da ordem legalmente estabelecida, que um dia teve este desabafo: "o que me preocupa, não é a desobediência civil, mas sim a obediência civil".
EliminarNão duvido que estaremos de acordo que a procura da perfeição é um dever, mesmo sabendo que é uma utopia. Aliás, ambos sabemos que perfeito, perfeito, são os ditos cujos a bater no peito...