quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Esbanjamento

 

Do deslumbramento do poder...

 

 

Das mais recentes eleições espanholas para as regiões autónomas resultou que o Partido Popupar, tendo perdido para o PSOE em vários comunidades importantes, viu a possibilidade de aí formar governo coligando-se com Vox e Ciudadanos, como se verificou em Andaluzia e Madrid, onde ganharam os socialistas sem maioria; no caso da capital, a coisa já esteve várias vezes tremida, sobretudo pelas “desfeitas” que a presidente faz ao seu número dois, Ignácio Aguado, do Ciudadanos, que se vê constantemente desautorizado nas mais simples tomadas de posição, como vem acontecendo na gestão da pandemia.

 

Impressionada com o que viu fazer-se na China, onde em poucos dias se construíu um hospital dedicado ao covid, conseguiu que se  aprovasse na Comunidade que preside uma coisa semelhante, que ontem inaugurou, mesmo que ainda falte muito para estar pronto a poder receber doentes, sobretudo porque não dispõe do pessoal indispensável, que declarou ir buscar aos outros hospitais, que por sua vez já são deficitários; e como tem hospitais com importantes espaços fechados por falta de pessoal, em vez dos convidados que não quiseram branquear-lhe o que chamam uma obra faraónica e inútil – representantes da oposição e ministro da saúde – teve junto ao novo edifício uma manifestação de médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar, precários e mal pagos há muitos anos, lembrando-lhe que o dinheiro que ali “queimou” – cem milhões de euros para uma obra inicialmente orçada em metade – deveria ter sido usado para dotar os equipamentos que já existem com gente suficiente e justamente remunerada.

 

Isabel Diaz Ayuso teve na inauguração da “sua” obra– que se chama  “Enfermera Isabel Zendal” mas vai ficar conhecido como hospital ”Ayuso”, “presente” que, segundo o número dois do partido, Garcia Egea, é bem merecido – o líder do partido e meia dúzia de gatos pingados que lhe são próximos, queixando-se amargamente da “ingratidão” e inveja dos que não sendo capazes de fazer obras assim – Salvador Illa, ministro da saúde, que sempre tem sido atacado por Ayuso, mostrou-se enternecido pelo súbito interesse da senhora pela sua pessoa - não têm a “humildade” de lhe reconhecer o grande valor que a si própria atribui; dos jornalistas queixa-se de lhe fazerem sempre perguntas mal intencionadas, quando a confrontam com a irracionalidade das suas decisões, no que é secundada pelo correlegionário presidente da Câmara da capital, José Luís Martinez Almeida, que também se queixa que as perguntas que lhe fazem “tienen siempre mala leche”...

 

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

2 comentários:

  1. Essa "técnica" de ir buscar gente formada nas diversas áreas medicas é bem conhecida por cá....
    Lamentavelmente foi Correia de Campos quem suprimiu a exclusividade das carreiras médicas...

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  2. O que eu tenho dificuldade em perceber, quando se trata de serviços públicos, é a insistência em manter tanta gente em situação laboral precária; é que sendo permanentemente necessários ao serviço, este só teria a ganhar com pessoal estável e motivado; mas parece que usam a mesma filosofia dos privados, para quem manter o pessoal com a corda na garganta é garantia de bom desempenho, na esperança que o patrão "goste" muito deles e os promova a efectivos do quadro...

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