terça-feira, 29 de dezembro de 2020

no centenário de BERNARDO SANTARENO

O escritor e dramaturgo Bernardo Santareno, pseudónimo literário do médico António Martinho do Rosário, nasceu a 19 de Novembro de 1920, em Santarém e morreu a 29 de Agosto de 1980, em Lisboa. A sua obra literária ficou marcada pela experiência que viveu, como médico, em duas campanhas, nos navios da frota bacalhoeira. Dessa vivência entre pescadores, resultaria a temática duma das suas obras mais importantes, «O Lugre» e também «Nos Mares do Fim do Mundo». Foi com o 25 de Abril de 1974 e com a liberdade de expressão alcançada, que Bernardo Santareno se viu livre da censura e proibições do fascismo, expressando na sua escrita abertamente a luta por uma sociedade mais justa. As suas peças teatrais são de conteúdo claramente político e de preocupação e intervenção social, como em «O Judeu», «O Inferno», «A Traição do Padre Martinho», «A Promessa», «O Crime da Aldeia Velha». No entanto essa característica apareceu muito mais vincada após o 25 de Abril, nas suas obras «Os Marginais e a Revolução», «Três Quadros de Revista», «Português, Escritor, 45 Anos de Idade» e na sua última peça «O Punho», concluída no ano do seu falecimento (1980). Foram organizadas Comemorações Nacionais do Centenário de Bernardo Santareno, com patrocínios da Presidência da República, Assembleia da República, Governo (embora o Ministério da Cultura se tenha limitado a atribuir um subsídio de 5 mil euros!) e outras entidades e personalidades. Comemorações coordenadas por Fernanda Lapa, directora artística da Escola de Mulheres (falecida em Agosto de 2020), com várias actividades programadas para 2020 e 2021 e que naturalmente não deixaram de ser afectafas pela pandemia. O PCP no dia 19 de Novembro, promoveu em Lisboa, no seu Centro de Trabalho Vitória, uma sessão pública comemorativa do centenário. Lamentavelmente os responsáveis pela programação dos nossos teatros nacionais, têm estado desinteressados das peças do grande dramaturgo português que foi Bernardo Santareno. A sua última peça «O Punho», que aborda o tema da reforma agrária, só 40 anos depois conhece a sua primeira representação, no ano do centenário de Bernardo Santareno, através da Escola de Mulheres – Oficina de Teatro Clube Estefânia, em Lisboa, que a estreou recentemente, no último trabalho de encenação de Fernanda Lapa.

1 comentário:

  1. Tudo, mas mesmo tudo, o que possa ser feito para resgatar o maior dramaturgo português do séc. XX, António
    Martinho do Rosário, cujo pseudónimo literário foi, Bernardo Santareno, nunca será demais. Os nossos melhores,
    jamais poderão ser esquecidos. Nem de propósito, acabei de ler. 'Nos Mares Do Fim Do Mundo', que relata a sua
    condição de médico no apoio aos pescadores do bacalhau na Terra Nova. Livro a ler! Privei com ele uma vez e
    guardo uma luz notável que irradiava no que gestualizava e dizia com palavras simples e sábias!

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.