Numa
determinada repartição pública, sempre ditada pela mesmice do cotidiano,
existia uma jovem muito bonita, morena escura de cabelos lisos, curvas
corporais delineadas, muito fogosa, caracterizando acentuadamente o que nos
chamamos de mulata brasileira, resultado da salutar miscigenação de raças; tratava-se de uma pessoa
extremamente humilde e comunicativa.
Pela sua diferenciada
beleza, era ela constantemente assediada por todos que ali trabalhavam, havendo
sempre correspondência nas investidas dos colegas, aceitando sempre dentro do
possível manter relações amorosas com todos, sem discriminação, por parte dela,
de raça e posição social, era muito democrática neste sentido.
Eis que surgiu
uma verdadeira notícia bombástica: a belíssima moreninha se apresentou grávida,
cada um dos que ali labutavam pela vida sentiu-se potencial pai da futura
criança; mas somente ela, pelo seu extinto materno e por rudimentares cálculos,
ajudada pela mãe, sabia com certa margem de erro quem era o detentor do espermatozoide
que fecundou o seu óvulo.
Um exímio
desenhista do órgão mantinha com a jovem uma sincera amizade sedimentada por
laços familiares. Na qualidade der ser seu confidente, tentava retirar-lhe a
todo custo quem era o fértil mancebo que a tinha engravidado.
Esta por sua
vez, apesar de ser uma pessoa carente de estudo, era bastante sagaz e
habilidosa, se negou a declinar tal nome, alegando receio de represálias com
possível perda de emprego, pela influência que o envolvido mantinha naquele
departamento. Mas para não decepcionar o dileto amigo, apenas deu-lhe uma pista,
afirmando que a pessoa era descendente de árabe.
O desenhista
sabia que no local de trabalho existiam algumas pessoas que preenchiam os
requisitos por serem árabe- descendentes, e ávido para passar a noticia para
frente e por instinto em dar uma espécie de furo jornalístico (era estudante de
comunicação), começou a engendrar uma maneira sem ofender diretamente as pessoas,
deixando, assim, o instituto da dúvida somente para os possíveis envolvidos.
Neste diapasão,
por ser muito bom chargista, fez uma gravura em que aparecia uma jovem dando a
luz e a criança ao nascer, simbolicamente pronunciando as suas seguintes
primeiras palavras: “Eu qué quiba” (eu quero quibe- comida muito apreciada
pelos árabes), pregando a figura em lugar local bem visível.
A repercussão foi muito grande, um dos eleitos
ao fazer veemente ameaça ao autor do desenho, se auto - denunciou, caracterizando
ser ele o pai do rebento. Ficando assim estabelecido o primeiro teste confiável
de paternidade. Só possível hoje com
uso do chamado exame de DNA (ADN), que na época não existia.
A jovem que o professor descreve é o que eu chamaria uma moça muito "dada"; e com a grandeza de alma de ser democrática na sua dádiva de si, não deixando uns a rir e outros a chorar...
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