domingo, 27 de dezembro de 2020

Trindade Coelho

 

Parábola dos Sete Vimes...

 

 

“Era uma vez um pai que tinha sete filhos. Quando estava para morrer, chamou-os todos sete e disse-lhes assim:

Filhos, já sei que não posso durar muito; mas antes de morrer, quero que cada um de vós me vá buscar um vime seco e mo traga aqui.

-Eu também ? – perguntou o mais pequeno, que só tinha quatro anos. O mais velho tinha vinte e cinco, e era o rapaz mais valente da freguesia.

-Tu também – respondeu o pai ao mais pequeno.

Saíram os sete filhos e daí a pouco voltaram, trazendo cada um seu vime seco.

O pai pegou no vime que trouxe o filho mais velho e entregou-o ao mais novinho, dizendo-lhe:

-Parte este vime.

O pequeno partiu o vime, e não lhe custou nada a partir.

Depois o pai entregou outro vime ao mesmo filho mais novo, e disse-lhe:

-Agora parte também esse.

O pequeno partiu-o; e partiu, um a um, todos os outros. Partido o último, o pai disse outra vez aos filhos.

-Agora ide por outro vime e trazei-mo. Os filhos tornaram a saír, e daí a pouco estavam outra vez ao pé do pai, cada um com o seu vime.

-Agora dai-mos cá – disse o pai. E dos vimes todos fez um feixe, atando-os com um vincelho. E voltando-se para o filho mais velho, disse-lhe assim:

-Toma este feixe, e parte-o!

O filho empregou quanta força tinha, mas não foi capaz de partir o feixe.

-Não podes? – perguntou ele ao filho.

-Não, meu pai, não posso.

-E algum de vós será capaz de o partir? Experimentai.

E não foi nenhum capaz de o partir, nem todos juntos.

O pai disse-lhes então:

Meus filhos, o mais pequenino de vós partiu sem lhe custar nada todos os vimes, enquanto os partiu um por um, e o mais velho de vós não pôde pertí-los todos juntos; nem vós, todos juntos, fostes capazes de partir o feixe. Pois bem, lembrai-vos disto e do que vos vou dizer: enquanto vós todos estiverdes unidos, como irmãos que sois, ninguém zombará de vós, nem vos fará mal. Mas logo que vos separeis, facilmente sereis vencidos.

Acabou de dizer isto e morreu – e os filhos foram muito felizes, porque viveram sempre em boa irmandade, ajudando-se uns aos outros; e como não houve forças que os desunissem, também não houve forças que os vencessem”.

 

 

Transcrito por Amândio G. Martins

 

 

 

3 comentários:

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