quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

É preciso avisar toda a gente


Por medo da extrema-direita, passamos a vida a dizermo-nos uns aos outros que devemos calar as jactâncias dos seus façanhudos militantes porque é dessa publicidade que eles vivem e crescem, ao mesmo tempo que, com o mesmo objectivo, vamos também dizendo que o fundamental é denunciar-lhes todos os movimentos. Continuo sem saber onde é que está a opção certa.
Em paralelo, julgo perceber uma forte tendência para se realçarem as sucessivas “vitórias” da extrema-direita por esse mundo fora, como forma de nos acautelarmos contra o "mal". Resta saber se tal propaganda, em vez de nos colocar de sobreaviso, não virá a galvanizar as hostes saudosas dos totalitarismos. Será bom, portanto, lembrar e repetir que Matteo Salvini, o fanfarrão que dava como certa a vitória na Emilia-Romagna, aí apostando as fichas todas, averbou retumbante derrota. Nada de baixar a guarda, que o perigo espreita, mas, neste, como em muitos outros casos que se hão-de seguir, há que celebrar orgulhosamente a procrastinação de tal gente para tempos que, esperamos, nunca “cheguem”.

2 comentários:

  1. Ouvi ontem que as sondagens já dão ao "partido do Ventura" uma percentagem semelhante à do PCP...

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  2. O José coloca aqui aquilo que, sim, é um verdadeiro assunto a merecer ser discutido. Nem de propósito, ele foi colocado na primeira parte do "Eixo do Mal", já depois de o ter lido escrito por si. O dilema é, portanto, falar e assim "propagandear" a extrema direita ou calar para não lhe "dar palco"". Percebo como táctica, mas não entendo como ética e cidadania. E privilegio a última. Porque já percebi que aos fascismo pouco importa que lhe chamem aldrabão, cínico, maléfica, e tudo o mais, se o deixarem fazer o seu caminho, dentro e fora dos areópagos, nos forums ou no acto mais comezinho do quotidiano, que tem sempre uma intenção doutrinária. E aqui entronca a segunda parte do tandem: os seguidores e, pior ainda... os indiferentes (por uma razºao ou por outra). Uma palavrinha para os últimos que, ligados aos pequenos prazeres da vida é à opinião fácil que usufruem como se fossem os mais importantes, tudo destroem pela banalidade, esquecendo-se que só os vão ter... se tiverem liberdade "tout court". Parece estranha esta "ligação" entre o "estômago" e o pensar crítico? Olhem que não, olhem que não....
    Termino com o que penso. Nunca menospremos a extrema direita deste séc.XXI, denunciemos o que ela "ganha" e, como o José fez com Salvini, o que ela perde. E saudemos as derrotas. Com a acção da palavra. De tácticas de encolhimento e menosprezo defensivo, temos um historial com cerca de oitenta e tal anos, que deu no que deu e de que Auschwitz é o máximo símbolo... absolutamente INCOMPARÁVEL e portanto não banalizável numa linguagem desprevenida. Eu não quero procrastinar, quero mesmo é que "desapareceçam"! Sabendo que isso será impossível... mas somente se baixarmos as guardas da sua denúncia permanente.

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