quarta-feira, 15 de janeiro de 2020


Quando as formas são o fundo...


Borja Sémper foi figura importante do Partido Popular espanhol no País Vasco, onde suportou as maiores agruras no tempo da ETA em actividade; a tudo resistiu, tendo ganhado por isso o respeito pessoal e político de todos os quadrantes; mas não resistiu à forma como o seu partido de sempre faz política na Espanha actual, anunciando ontem que deixava a política, porque não suportava a ideia de ver tratados os  adversários como  inimigos, como passou a ser regra no seu partido, onde vale tudo para descridibilizar quem não pensa como eles.

Do partido, que não conseguia disfarçar o embaraço, pois já outros importantes membros se foram embora pelo mesmo motivo, foi dito pelo porta-voz Montesinos que lhe agradeciam o empenhamento que sempre dedicou no desempenho dos cargos, desejavam-lhe felicidades e que teria sempre as portas abertas, mas parece evidente que andam assombrados com o que aconteceu ao Ciudadanos que, pelas mesmas razões, se foi esvaziando de gente credível, ao ponto de o eleitorado o reduzir à mínima expressão.

Entretanto o Governo de Sánchez entrou em funções plenas e a primeira decisão abriu logo guerra com a Direita, ao nomear para ”Fiscal General del Estado”, o equivalente à nossa Procuradora Geral de República, a senhora que antes tinha ido buscar ao Ministério Público para desempenhar o cargo de ministra da Justiça; Dolores Delgado é reconhecida por todos como pessoa competente, não é militante do PSOE e fez toda a carreira na magistratura, mas como já foi ministra de um Governo deste partido, está “proibida” de ocupar tão importante cargo, porque vulnera a independência da Justiça, dizem eles, embora no tempo do bipartidismo sempre tenham dividido os altos cargos na Justiça em função das simpatias partidárias...


Amândio G. Martins



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