Quando as formas são o fundo...
Borja Sémper foi figura importante do Partido Popular
espanhol no País Vasco, onde suportou as maiores agruras no tempo da ETA em
actividade; a tudo resistiu, tendo ganhado por isso o respeito pessoal e político
de todos os quadrantes; mas não resistiu à forma como o seu partido de sempre
faz política na Espanha actual, anunciando ontem que deixava a política, porque
não suportava a ideia de ver tratados os adversários como inimigos, como passou a ser regra no seu
partido, onde vale tudo para descridibilizar quem não pensa como eles.
Do partido, que não conseguia disfarçar o embaraço, pois já
outros importantes membros se foram embora pelo mesmo motivo, foi dito pelo
porta-voz Montesinos que lhe agradeciam o empenhamento que sempre dedicou no
desempenho dos cargos, desejavam-lhe felicidades e que teria sempre as portas
abertas, mas parece evidente que andam assombrados com o que aconteceu ao
Ciudadanos que, pelas mesmas razões, se foi esvaziando de gente credível, ao ponto
de o eleitorado o reduzir à mínima expressão.
Entretanto o Governo de Sánchez entrou em funções plenas e a
primeira decisão abriu logo guerra com a Direita, ao nomear para ”Fiscal
General del Estado”, o equivalente à nossa Procuradora Geral de República, a
senhora que antes tinha ido buscar ao Ministério Público para desempenhar o
cargo de ministra da Justiça; Dolores Delgado é reconhecida por todos como pessoa
competente, não é militante do PSOE e fez toda a carreira na magistratura, mas
como já foi ministra de um Governo deste partido, está “proibida” de ocupar tão
importante cargo, porque vulnera a independência da Justiça, dizem eles, embora
no tempo do bipartidismo sempre tenham dividido os altos cargos na Justiça em
função das simpatias partidárias...
Amândio G. Martins
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