segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

O INFERNO NAZISTA DE AUSCHWITZ: 75 ANOS DA LIBERTAÇÃO DE SEUS PRISIONEIROS. FATOS MARCANTES DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL—QUATRO MONSTRUOSAS FERAS HUMANAS EM COMBATE.


Em 27 de janeiro de 1945, unidades do exército soviético sob o comando do general russo Petrenko, tendo na vanguarda tropas de choque da 100ª Divisão de Infantaria, com presença do bravo major Anatoly Shapiro, tomavam o campo de extermínio de Auschwitz, no sul da Polônia, libertando cerca de 7 mil prisioneiros que aguardavam a morte nas câmaras de gás.
Era o fim do maior inferno criado pelos nazistas, onde foram mortos, além de milhares de homossexuais, ciganos, deficientes físicos, comunistas, idosos, crianças e cerca de 3 milhões de judeus, no desenrolar da segunda guerra mundial, que terminaria pouco mais de três meses depois, abreviada que fora providencialmente, antes de a Alemanha concretizar seu projeto atômico, graças não só pela libertação da França com o heroico desembarque das forças aliadas nas praias da Normandia em 06/06/1944 (o famoso dia “D”), com morte de mais 4.000 sodados nas primeiras 24 horas de combate, mas também pela fantástica operação Regation, da noite de 22 para 23 de junho, quando 1.200.000 soldados soviéticos libertaram a Bielorrússia, com mais de 500.000 baixas nas hostes alemãs, obrigando estas a um recuo de 700 Kms., o que possibilitou a desocupação da Lituânia e do leste da Polônia, pondo Varsóvia ao alcance e Berlim na mira.
      Foi um outro dia “D” quase desconhecido no Ocidente, embora noticiado pelo jornal britânico Guardian, conforme notável entrevista de Leonídio Paulo Ferreira no Diário de Notícias (DN) de Lisboa. Só nessa operação, cujo nome homenageia o grande herói da guerra patriótica da Rússia imperial contra Napoleão Bonaparte, o exército vermelho perdeu 800 mil dos mais de 25 milhões mortos durante todo o conflito. Era o começo do fim do 3º Reich. Hitler errou ao invadir o país: o patriotismo russo, apesar dos expurgos internos do regime totalitário reinante, foi mais forte do que o fanatismo nazista.

Em Auschwitz, as torturas físicas e morais praticadas por agentes da SS de Himler, chefe da polícia política do Reich (Gestapo), a serviço do fanatismo hitlerista, atingiram o mais elevado grau de sadismo e desrespeito na prática de crimes contra a humanidade. Milhares de criaturas que chegavam em comboios ferroviários liam lá fora dizeres proclamando a dignidade do trabalho que liberta (ARBEIT MACHT FREI) – uma hipócrita ironia –, pois na realidade, o que deveria estar escrito na entrada, seria o aviso de Dante Alighieri, no pórtico do inferno mencionado na clássica obra pré-renascentista Divina Comédia: “Deixai aqui fora toda a esperança vós que entrais” (LACIATI OGNI SPERANZA VOI QUE ENTRATI). Botinhas de crianças e cabelos de mulheres encontrados nos depósitos levaram o comandante soviético a uma emoção com lágrimas, segundo entrevista sua no ano de 2001 à rádio BBC de Londres. Ali esteve recentemente minha prima Waldevira Bueno Pires de Moura, inteligente jornalista de caderno literário e professora, que ficou estarrecida: uma aura pesada ainda envolve aquele ambiente, apesar do tempo que já passou.
No começo, muitos prisioneiros pensavam que apenas ficariam detidos para prestação de serviços forçados e sujeitos à alimentação precária. No entanto, a chamada “grande solução” decretada pelo Fuhrer não tardaria a entrar em vigor. Nas imensas fileiras de desembarque já eram separadas as primeiras vítimas entre as mais esquálidas, as mais debilitadas, e porque não dizer, as que se apresentavam mais feias.
As outras que ainda sobreviveriam no campo, às vezes perguntavam a companheiros de infortúnio por certos acompanhantes de viagem e logo ouviam a resposta: olhem a fumaça das chaminés dos fornos crematórios, pode ser do corpo das pessoas procuradas.
Naquele campo o nível de autoestima baixou ao mais ínfimo patamar. A chance de sobrevivência era mínima. A maioria desejava o suicídio que poderia acontecer facilmente com um simples avanço sobre as cercas elétricas que circundavam todas as localidades. Ai de quem fosse flagrado tentando impedir um suicídio!
Os prisioneiros eram espancados sob pretextos absurdos. Bastava um passo errado, uma simples mancada ou um pequeno desalinhamento nas colunas de pelotão em longa marcha para o intenso trabalho de implantação de linhas ferroviárias. Os que estavam no interior às vezes se revezavam com os que marchavam nas linhas exteriores, porque estes eram mais vistos e a todo momento maltratados.
Entre os detentos estava o ilustre médico psicoterapeuta Victor Frankl, cujo livro “Um Psicólogo no Campo de Concentração” relata as atrocidades acontecidas em Auschwitz. Preso em sua clínica em Viena, por ser remoto descendente de judeu, nem sequer teve permissão de ir à sua residência para buscar objetos pessoais. No campo, com o máximo cuidado, aconselhava os companheiros a manter a boa aparência, com ar de simpatia e jamais pensar em suicídio, porque alguma coisa ainda esperava por eles lá fora, caso sobrevivessem. Alguns diziam: Tudo está perdido, nossas famílias destruídas, nossos sonhos desmoronados, o que nos espera? Ele respondia: Nem que seja um livro a ser escrito sobre nossas vidas.
Quantos ele livrou do suicídio, ao recomendar que deixassem isso para depois, e, assim, muitos foram relegando para outro dia a realização do ato extremo, que acabava não acontecendo, e muitos deles, inclusive o ilustre médico, foram transferidos, até mesmo antes da libertação soviética, para o campo de Dachau, onde havia apenas concentração de presos, sem câmaras de gás.
Finda a guerra, em maio de 1945, Victor Frankl voltou às atividades profissionais, dirigindo a Policlínica Neurológica da Universidade de Viena e criou, em universidades de vários países, inclusive em San Diego, na Califórnia, a cátedra de logoterapia, ou seja, a cura radical das anomalias psíquicas por força da razão espiritual, que supera não só o unilateralismo de Sigmund Freud, que analisava tudo sob o prisma do subconsciente, mas também a força do supraconsciente admitida por Addler e Jung.
Para Victor Frankl, o logos inerentes à criatura humana, ou seja, a sua própria razão espiritual, é capaz de vencer todas as mazelas. Huberto Rohden, o grande filósofo e pensador espiritualista brasileiro, de quem tive a honra de ser aluno, considerava o ínclito ex-prisioneiro de Auschwitz como a mais eloquente manifestação da psicanálise de todos os tempos, tendo-o como o criador da terceira escola psicanalítica de Viena.
Que os benfeitores da humanidade Victor Frankl e outros mais, como o industrial  Schindler(conhecido pela famosa lista que leva o seu nome),o diplomata português  Aristides de Souza Mendes, salvadores de milhares de judeus, sejam exemplos aos atuais dirigentes da nação judaica, para o abrandamento de suas represálias contra os povos vizinhos, sobretudo os palestinos que merecem ter sua pátria; senão, em tempos futuros, haverão de sofrer as consequências da lei de causa e efeito que rege o mundo físico e metafísico, como expressão da própria Justiça Divina: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”. Nada fica impune. Quem planta vento terá que colher tempestades (Paulo—Gálatas, 6-7 e 8). As represálias de Israel contra agressões sofridas têm sido desproporcionais; superam, em muito, a antiga lei mosaica do “olho por olho e dente por dente”.
Faz-se necessária a extinção dos estopins que poderão ocasionar mais uma grande conflagração mundial. Os conflitos no Médio Oriente e a indevida intervenção dos Estados Unidos e seus aliados ocidentais, com seu armado braço atômico de Israel, nas questões internas da região, quase sempre por interesses petrolíferos, não podem continuar. Recentemente, violando todas as normas de direito internacional, um general do Irã foi covarde e traiçoeiramente executado por bombardeio, sob o pretexto de combate ao terrorismo. Consequentemente, devido ao clima bélico instalado, a artilharia antiaérea iraniana, temendo novos ataques, abateu por engano um avião comercial da Ucrânia, matando quase duas centenas de passageiros.  Outrora, promoveu-se uma sangrenta guerra contra o Iraque, sob falsa justificativa de eliminar um armamento químico inexistente. 
Não foi à toa que a saudosa líder religiosa Helen White, insuspeita de qualquer ideologia política, afirmou que seu país representa uma das bestas do Apocalipse—“a de chifre de cordeiro, mas que age como dragão”. Quantas guerras tem feito atendendo também a interesses armamentistas! Jamais se pode esquecer os lançamentos de artefatos atômicos nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, a maior tragédia da humanidade, cuja causa principal, além de liquidar a fanática resistência do Japão praticamente vencido, foi um simples receio de vê-lo dominado pelo exército soviético pronto para invadi-lo. Aliás, não fôra a ofensiva deste na operação Regation, que abreviou o fim da guerra na Europa, uma das bombas nucleares americanas, poderia ter sido direcionado para Berlim, com um maior número de vítimas e as mais imprevisíveis consequências no continente europeu.
A segunda grande guerra foi marcada pela presença de quatro monstruosas feras humana: o camarada Stalin (Estaline na grafia portuguesa), o terrível ditador do partido “proletário”(PCUS), guerreou apoiado na competência dos seus generais; Hitler, o cruel tirano de um estado racista, guerreou contestando os seu marechais; Mussolini, o sanguinário “duce” da Itália, um tipo de imperador Nero reencarnado, e finalmente o despótico “democrata” Truman, dominado pelos seus belicistas militares, que, ao suceder ao grande estadista  Franklin Roosevelt, autorizou o bombardeio atômico no Japão, e assim dava continuidade à guerra fria USA x URRS, que iniciou quando esta última deixou de participar do apoio anglo- americano à insurreição de Varsóvia em 1943 contra a ocupação alemã, e mais tarde teve prosseguimento na tomada de Berlim, quando o inteligentíssimo e muito temperamental general George Patton, contrariado por já encontrar cidade sob o poder do exército vermelho (a coisa estava ruça, com muito russo querendo vingar as atrocidades alemãs em seu país), endereçou um injurioso bilhete ao seu xará George Zukov, o herói da resistência de Moscou e da batalha de Stalingrado, chamando-o de idiota e dizendo que ele não era bem-vindo. Patton dotado de grande intuição já previa uma futura provisória divisão de Berlim, entre as potências aliadas.
Existe atualmente uma guerra fria de interesse econômico-tecnológico entre Estados Unidos e China, mas a antiga já acabou em 1991, com a extinção da URSS e consequente desmoronamento da muralha de Berlim, que agora o presidente Trump quer transplantar na fronteira do México, mas continua arraigada na mentalidade do atual presidente da nação brasileira, principalmente o seu ministro das relações exteriores, envolvidos pelo fantasma do anticomunismo outrora tão invocado até de má-fé contra toda ideia nova oposta ao conservantismo reacionário. É a chamada civilização cristã ocidental, que de cristã só tem o nome. Com razão Gandhi quando sempre declarava aceitar o Cristo e seu evangelho, mas não o cristianismo das religiões. Aliás, o filósofo alemão Nietzsche já havia dito que se o Cristo voltasse ao nosso planeta, teria de proclamar, em alto e bom som: “ Cristãos de toda a Terra, nada tenho a ver com o vosso cristianismo! ”
Perdura ainda o medo da fracassada experiência socialista soviética, cuja implantação teve como uma das causas a vã tentativa de Churchil de levar suprimentos ao Império Russo. Sua derrota para Mustafa Kemel, na famosa batalha de Gallípole na Turquia, alimentou, sem dúvida, o triunfo da revolução bolchevique de 1917, financiada pelos alemães para tirar a Rússia da guerra, o que resultou, indubitavelmente, em um dos maiores acontecimentos históricos do século passado, que abalou o mundo, cujas consequências são por demais conhecidas, como bem analisou o meu genial mano Orivaldo Jorge de Araújo, engenheiro, bacharel em direito e professor universitário, num bom artigo sobre o centenário do evento de 1917, violento como muitos outros, inclusive a revolução francesa de 1789, e logo de início executou toda a família imperial, nem crianças foram  poupadas.
Seu desiderato seria a criação de um socialismo apaziguador da luta de classes com base no materialismo dialético que, na realidade, mesmo com muito progresso num país semimedieval, não correspondeu aos anseios do povo, sobretudo na atividade agrícola arruinada pela trágica coletivização da propriedade rural, ao contrário dos Estados Unidos que alcançaram alta produtividade com seu sistema cooperativista.
O verdadeiro socialismo, bem diferente do pensamento materialista de Marx e do despótico social nacionalismo nazista, é democrático e liberal, visando a uma melhor distribuição da riqueza e não a divisão da miséria. Será o regime ideal de uma humanidade futura composta de indivíduos espiritualmente evoluídos, radicalmente éticos e fraternos dispostos a uma vida sóbria, contentando-se apenas com o necessário, para formação de uma sociedade menos desigual sem os excessos do luxo, do lixo e da luxúria, que são a fonte de todos males do nosso planeta, segundo o citado filósofo, pensador cristão e cientista Huberto Rholden.
                       O atual mundo globalizado, sob a égide do capitalismo decadente causador da desumana crise do desemprego, vive uma tirânica guerra econômica e uma complicada ciranda financeira, em que os países mais fortes oprimem os mais fracos e se arrogam até no “direito” de impor sanções contra as nações subjugadas, haja vista a nova fase imperialista dos Estados Unidos no governo Trump. Um dia, porém, tudo isso terá fim. Já estamos no 3º milênio destinado à transformação de nosso planeta de sombras de expiação e provas para o planeta de luz da regeneração. Deus não poderá continuar sendo derrotado pelos homens. Haverá um novo céu e uma nova Terra (Apocalipse, cap. 21), sem guerras, doenças, dores e lágrimas.

1 comentário:

  1. Deus o ouça, professor, e possa haver uma Terra sem guerras, fome e doenças!...

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