Sete anos depois, a
tragédia que ceifou a vida a seis estudantes universitários na
praia do Meco, volta de novo à ribalta. Por apontar falhas à
investigação, o tribunal Europeu dos Direitos do Homem, condena o
Estado português a pagar 13 mil euros à família de um dos
estudantes mortos, mais 7 mil de custas e taxas judiciais. Por sua
vez, o Ministério da Justiça, admite recorrer, por considerar que
as deficiências apontadas não foram devidamente enquadradas no
conjunto geral de toda a investigação realizada, bem como no
contexto do momento em que ocorreram, nem quanto às suas implicações
no resultado do processo e na descoberta da verdade.
Em Outubro de 2014,
o único sobrevivente, o “dux” João Gouveia, foi constituído
arguido, mas em Março de 2015 o tribunal decidiu não enviar o caso
para julgamento e a Relação de Évora concordou: as vítimas eram
adultas e não haviam sido privadas da sua liberdade durante a praxe,
pelo que não havia responsabilidade criminal sobre João Gouveia.
Mesmo assim, os pais das vítimas avançaram com acções cíveis
contra o colega dos seus filhos.
Conclusão, se há
alguma lição a extrair desta tragédia que chocou o país, é que
as universidades, o Estado , a sociedade em geral e sobretudo as
famílias , devem sensibilizar os jovens a absterem-se de tão
bizarras, humilhantes e perigosas práticas, mas não passar-lhes um
atestado de menoridade mental e de irresponsabilidade. Falamos de
estudantes universitários, não propriamente de inocentes
criancinhas. A dor é grande, sabemos, mas tentar-se culpar
terceiros, é juntar injustiça à tragédia
Francisco Ramalho
Publicado hoje em "O Setubalense-Diário da Região"
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