O banal e o "megalómano"

Este domingo, num voo "low cost", um homem jovem teve uma ameaça de desmaio, com sudação intensa e palidez, mantendo a consciência. O comandante pediu um médico e.... lá tive que ir dar uma ajudinha. Como o doente estava consciente e bem orientado no tempo e no espaço, pude fazer-lhe umas perguntas que me elucidaram que não era diabético (pelo menos não sabia...) e não tinha antecedentes relevantes de doença. Palpei os pulsos arteriais, vi o reflexo pupilar com uma lanterna de telemóvel, testei os movimentos dos membros e.... lá veio o clássico "copo de água com açúcar". O senhor lá foi recuperando e... tudo acabou bem.
Não é pela história que a trago aqui, mas sim por algo adjacente e que reputo de importante. E que se liga ao facto de o avião não ter um estetoscópio nem um medidor de tensão arterial, nem aquelas "fitinhas" para determinar o nível de açúcar no sangue, a bordo. Como, pela avaliação sumária que lhe fiz, pensei em quatro hipóteses: hipoglicemia, queda tensional, crise vagal ou, mais remotamente, "nervosismo", lá me me fui safando só com o "olhómetro" mas... como poderia eu medir para confrmar ou descartar o que me ia no pensamento clínico?
Passado o mau momento, perguntei à hospedeira a razão de não ter aquilo, até porque tudo custaria uns "míseros" 150 ou 200 euros. Não sabia responder, mas fiquei a saber que o avião tinha.... um desfrilador cardíaco! Uau! Não se tem o básico mas tem-se uma sofisticação, ainda por cima a necessitar um manuseamento por quem sabe!
Bom, "tiro chapéu" ao omnipresente copo de água, fico contente porque o final foi feliz e satisfeito comigo porque fiz o que pude pois, apesar de ser um "peidiatra" ( aposentado, ainda por cima), serei, com honra e alegria.... médico até morrer.

Fernando Cardoso Rodrigues