domingo, 5 de janeiro de 2020

O equilíbrio falhou


Em toda esta “história” do ataque cirúrgico, ad hominem, de Trump a Soleimani, há um pormenor que me parece pouco discutido, mas é da maior importância. Trata-se da circunstância de Trump ter ordenado o ataque sem autorização do Congresso norte-americano, coisa impensável antes de 2001, quando, na sequência do atentado terrorista às Torres Gémeas, sob efeitos de comoção e indignação plenamente justificáveis, os congressistas aprovaram quase por unanimidade a lei que isenta os presidentes de consultarem o Congresso para poderem lançar determinados ataques no exterior bem definidos, e de que não há certeza que abranjam este assassinato de agora. Valha a verdade que não foi só Trump quem exerceu a “prerrogativa”, uma vez que quer Bush, quer Obama, também o fizeram. Mas custa a perceber como, num país como os EUA - famoso pelo tão “incensado” equilíbrio dos checks and balances, justamente para refrearem a exaltação de ânimos dos seus próprios presidentes, a par dos abusos de poder - continua a ser possível que um só homem e a sua Administração, invocando pretensos motivos sem quaisquer provas, possam arrastar toda a nação numa terrível aventura que ninguém sabe como vai terminar.  

2 comentários:

  1. Desde que Bush filho abriu o precedente, com o seu combate ao "axis of evil", que aqueles travões à discricionaridade dos presidentes passaram a preceitos antiquados...

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