Um dos grandes acontecimentos científicos deste ano de 2015,
na área da astronomia, foi sem dúvida a detecção da luz de uma galáxia existente na infância do Universo,
considerada o berço formador de outros
sistemas galácticos, hoje estimada grosseiramente em 100 bilhões.
Por isto, a justificável emoção que tomou conta de toda
comunidade científica, ao ser anunciada por uma equipe internacional de
astrónomos a descoberta da galáxia mais brilhante dos primórdios do Universo com
sinais de aparecimento das primeiras estrelas entre 0,8 a 1 bilhão de anos.
Considerando a
estimativa aceita de que o Universo tenha sido
formado, entre 13,8 a 14,5 bilhões de anos, a idade acima
praticamente representa a fase inicial de tudo que nos rodea. Numa
escala mais compreensível, considerando uma simulação de que o mundo tenha sido
formado em um ano, a galáxia em questão estaria
nesta fase com 20 a 25 dias de existência.
Costuma-se usar anos
terrestres para designar as idades dos astros que compõem o cosmo, uma medida aparentemente
incongruente, pois a terra ainda nem tinha sido formada, mas isto é apenas uma
equivalência, visa tão somente dar uma ideia aproximada muito superficial do
tempo de existências dos infinitos
componentes deste colossal Universo.
Esta galáxia, inicialmente sem nome escolhido, com
propriedades enquadradas dentro das iniciais R7, por estar localizada numa
posição e distância definida pelos
cálculos astronômicos como sendo “Redshift de
z = 7”(desvio para o vermelho), conhecido como protocolo padrão de medição
usado na astronomia para posicionar e estabelecer características de um ente
cósmico.
Esta importante descoberta foi da equipe liderada pelo
português David Sobral, consagrado pesquisador do Instituto de Astrofísica e Ciências do
Espaço (IA) e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
(FCUL) e
também do Observatório de Leiden,
na Holanda.
Na escolha do nome a ser atribuído à galáxia, houve algumas
coincidências: a situação enquadrada
como R7 e o pesquisador ser português e
certamente admirador do genial futebolista Cristiano Ronaldo, conhecido com as
iniciais CR7. Buscando homenageá-lo procurou uma coincidência de abreviações,
bastava tão somente para isto escolher uma palavra correlata que começasse
com a letra “C”, não dando outra, o nome
escolhido foi Cosmos que além de agradar
a equipe pode também homenagear o famoso jogador, temos portanto, agora, CR7(
Cosmo R7) para designar também esta grande descoberta da astronomia.
Alguns astrônomos por este mundo afora tem se manifestado
contra o nome dado e nem dos objetivos
por ele visado, que foi indiretamente em
homenagear uma pessoa alheia ao meio astronômico, pois, via
de regra, o nome dos componentes
descobertos no Universo costuma ser de
astrônomos ou cientistas que se destacaram no passado, sendo unânimes em
afirmar que neste caso houve absoluta falta
de coerência.
A coerência nunca foi um forte nas decisões dos astrônomos quando fora de
suas atribuições específicas dentro da
ciência. Veja o caso envolvendo Plutão
que foi rebaixado à condição de planeta anão, sob a justificativa de ser pequeno em relação
aos demais e ter algumas perturbações orbitais , sem agregamento de nenhuma vantagem científica e pedagógica , beneficiando tão somente os editores de livros que tiveram
que atualizar as suas edições
anteriores. Constituindo a meu ver o primeiro caso de “BULLYING ASTRONÔMICO” de que se tem noticia
na historia da humanidade.
E nem tudo são flores neste meio, que sentiu um grande abalo com a publicação em 2004, do livro escrito pelo casal de escritores investigativos americanos Joshua
Gilder e Anne-Lee Gilder, com o titulo título Heavenly Intrigue: Johannes
Kepler, Tycho Brahe, editado e traduzido em Portugal com o titulo: Intriga Cósmica, pela editora
Aletheia, dando conta de haver grandes evidências de que o consagrado astrônomo
e cientista Johannes Kepler tenha assassinado, por envenenamento, o também
astrônomo Tycho Brahe, de quem tinha sido pupilo, para se apossar de seus
estudos sobre a órbita do planeta Marte, base utilizado por Kepler para lançar
as leis que regem a harmonia planetária, tornando-o conhecido como um dos
maiores pesquisadores dos segredos da cosmologia.
Polêmica à parte, se a intenção foi de nominar a galáxia para lembrar e
homenagear este famoso astro
futebolístico, dotado de luz própria, na prática ocorreu o contrário, ela é que
será lembrada para eternidade por carregar consigo as iniciais de um nome
consagrado no meio do esporte mais
popular e requisitado do nosso planeta.
Publicado no jornal brasileiro Diário da Manhã no dia
10/08/2015, no caderno DMRevista pg. 4
Site do jornal: http://digital.dm.com.br/
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