quarta-feira, 5 de agosto de 2015

O estranho caso das cartas de condução

Há um milhão de condutores que desesperam pela renovação da carta de condução há mais de um ano.
O calvário de um milhão de portugueses que de seis em seis meses se deslocam aos serviços para ser averbado um carimbo e uma rubrica que lhes permita conduzir por mais seis meses, teve uma visita inesperada.
Este milhão de portugueses recebeu no correio, em finais de Junho passado, uma peculiar circular datada de Maio, que dizia:
“(...) De modo a superar constrangimentos relativos ao pedido associado à sua carta de condução tendo em vista a recolha da sua fotografia e assinatura através de equipamento próprio para o efeito, queira V. Exa. apresentar-se acompanhado (a) do presente ofício nesta Direcção Regional, na morada acima indicada (...).
         Depois de quase dois anos há espera da renovação da carta de condução este cidadão recebeu esta bizarra missiva da Direcção Geral de Mobilidade e Transportes de Lisboa e Vale do Tejo.
         Este cidadão, um entre um milhão, tem agora de suportar as despesas de uma deslocação de mais de 100 kms e inerentes despesas de alimentação para se apresentar em Lisboa sem saber se a senha que recolherá lhe vai permitir tratar da renovação da carta nesse dia.
Este cidadão vai pagar mais pela ida a Lisboa do que pagou para a renovação de carta de condução numa loja de cidadão.
Este é apenas mais um exemplo de como este governo da nação que canta ser “nobre e imortal” nos desgoverna.
Os jovens turcos encartados de laranja e azul que enxameiam as secretarias de estado e as direcções-gerais tal e qual aprendizes de feiticeiro inventam diplomas e alteram práticas burocráticas em curso só porque lhes apetece. Inventam, asneiam, prejudicam os cidadãos e não há consequências para este torpe experimentalismo que soma crise à crise que estamos a pagar com as políticas de austeridade para além da troika.
Algo está podre nas políticas deste desgoverno, que manipula estatísticas e torce a verdade para iludir incautos. Algo vai muito mal no maquiavélico “Portugal à frente”!

Carlos Pernes

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