sexta-feira, 24 de junho de 2016

ELES NÃO SABEM NEM SONHAM...




Foi um sonho, e não é verdade que o sonho comande a vida, apesar de ser bonita a letra da canção.

As utopias nunca se realizam, mesmo que estejamos a bater-lhes à porta. A Europa é uma manta de retalhos de identidades e culturas distintas, sempre apetecível às hegemonias repartidas entre os alemães, os franceses e os ingleses. Os outros são periferias, clientes  à força com juros sempre altíssimos, que se foram aliando na história a uns e a outros, seguindo os interesses de momento.
A União Europeia existiu na cabeça de alguns livres pensadores e os povos seguiram-nos.

Podia ter sido bonito.

Entretanto, as pessoas venderam-se a um mundo de novas oportunidades e a todas as facilidades: a circulação sem controlo num território muito mais amplo do que o seu país, a livre circulação de produtos e bens e logo de negócios facilitados, uma moeda única e forte, e finalmente para manter a sua anestesia global, a concessão facilitada de créditos sem limites, o  que lhes deu a sensação, equivocada, de que ser da União Europeia era ter acesso ao dinheiro fácil e barato.

Promete-se um paraíso bem embrulhado com fitas coloridas e laçarotes e o povo baba e aceita a prenda.

Entretanto, neste frenesim de o gastar (o dinheiro) as pessoas distraíram-se e os pensadores que honestamente tinham tido o sonho da Europa, foram sendo substituidos por abutres. Estes trouxeram consigo catrefadas de burocratas e tecnocratas, essenciais para o trabalho sujo de transformarem um projecto digno numa quinta de privilégios e enriquecimento ilícito.

Instalou-se um lupanar gigante onde antes se quis construir uma ideia com sentido.


Tudo acabou no início do verão, quando o tempo promete descanso e bonomia, mas afinal anuncia ventanias e chuvas inesperadas. Começa hoje um novo ciclo da história do mundo, muito mais assustador e muito mais triste.

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