"Pandemia não é uma palavra a ser usada de forma leviana ou descuidada. É uma palavra que, se mal usada, pode causar medo irracional ou aceitação injustificada de que a luta acbou, levando a sofrimento ou morte desnecessários".
Tedros Adhamon Chebreyesus (Director Geral da OMS)
Comecei por citar o dito, há pouco tempo, por este senhor no topo da Saúde mundial, para que não me vejam como um "purista" de linguagem, somente. Realmente o que disse o cirurgião Jhon Preto, e serviu de título ao PÚBLICO na entrevista que lhe fez (23/5) - A obesidade é hoje uma pandemia muito mais letal do que a Covid-19 - é uma frase infeliz. Porque, nunca por nunca, poderia usar a pandemia ( muito menos sem aspas!) numa "comparação" estulta. Porque a obesidade nunca pode ser uma pandemia ( não é nova na população; não é infecciosa e, daí, não se espalha sustentavelmente entre humanos). Sei bem que o jargão médico é usado simbolicamente em muito do linguajar comum (ex: "ADN de empresa" ou " esquizofrenia política"), mas sempre com aspas e utilizado em campos totalmente diversos do seu significado literal. Agora, usado por um médico e de "igual para igual" no campo nosológico, confesso qua não acho nada apropriado e é mesmo " (in)convenientemente" tendencioso, além de deletério. Ainda se, ao menos, falasse de obesidade "endémica" ( assim, com aspas!), vá que não vá , agora como o fez, é um erro claro.... e não só de linguagem!
Fernando Cardoso Rodrigues
Nota: este texto foi enviado ao PÚBLICO em 23/5, mas não mereceu publicação.
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