domingo, 31 de maio de 2020


Ao meu gabinete, por favor...


Já lá vão umas largas dezenas de anos, almoçava eu num “tascoso” em Paços de Ferreira, aliciado por alguém que dizia ser a cozinha ali muito boa, mas não cheguei a comprovar verdadeiramente se era, porque nunca mais lá pus os pés; a verdade é que havia lá muita gente a ”encher o bucho”, e o que estava a saír em grandes quantidades era feijoada, quando um “comilão”, com a boca cheia, largou um espirro com tal potência que “pulverizou” tudo quanto estava à sua frente, ficando até a parede cravadinha de bagos de arroz e feijões.

Como não estava naquele  “raio de acção”, não fui atingido pelo inesperado esguicho, mas a coisa impressionou-me de tal modo que ainda hoje, se alguém espirra perto, olho automaticamente para que lado teriam ido os “perdigotos” e vem-me à memória a cena do restaurante que, embora possa acontecer a qualquer um, julgo que ninguém contará com ela, muito menos daquela forma.

Para garantir com sucesso a reabertura da actividade económica, colocam-se  às mais variadas empresas problemas complexos, desde logo de facturação suficiente para fazer face às despesas; parece que, para os restaurantes, estão previstas divisórias em acrílico para isolar os comensais nas suas mesas, e eu imagino-me, numa situação dessas, a chamar o empregado “ao meu gabinete”, sempre que precise de alguma coisa mais...


Amândio G. Martins

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