Bendito o futuro...
“De pouco serve agarrarmo-nos aos nossos pontos de chegada,
como se eles fossem os únicos legítimos, quando deveríamos antes começar a
bendizer o futuro que nos declare ultrapassados.
Bendito o futuro que se ria de nós por termos confundido
tudo: a deslocação com a viagem, a aproximação com o encontro, a posse das
coisas com o seu uso, a amontoação dos bens com o seu uso saudável. Bendito o futuro
que nos critique por termos produzido tanto e distribuído tão mal, por termos
ido à lua e resistirmos tanto, mas
tanto, a chegar ao conhecimento do nosso próprio coração. Bendito o futuro em
que as tecnologias deixem de ser um fetiche nas mãos do mercado, como agora em
grande medida o são, e se tornem um instrumento mais bem ajustado à vida de
todos, como o foram, por exemplo, o arado e a roda.
Bendito o futuro que nos inspire modos de existência mais
essenciais, mais atentos aos outros humanos, mas também às restantes criaturas que
connosco partilham esta misteriosa
aventura, e das quais sabemos tão pouco.
O futuro encontrará o espaço e a expressão do seu pensar”.
Transcrito do livro anexo por Amândio G. Martins
O senhor anda muito "tolentiniano"... O texto é bonito e sensível, não há dúvida. Esta minha "mania" de voltar a ler e a procurar de novo é que me leva a fazer a pergunta: e o futuro, para o cardeal e a sua igreja, é humano, como sugere ao humanos como nós ou... para eles "já está escrito na sua fé", que pretendem catequética... sempre Deus para trás de Deus?...
ResponderEliminarQuem não andar distraído - e o Dr. Fernando não anda - tem muito por onde verificar que grandes coisas vêm sendo feitas para que essa incomensurável instituição se adapte aos novos tempos; e isso acontecerá tanto mais depressa quanto forem desaparecendo os "dinossauros excelentíssimos" que não são capazes de abrir portas e janelas para lá entrar o ar...
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