Expedientes de malandragem...
Num daqueles icónicos filmes do tempo do “Estado Novo” que
ainda hoje, quando são passados na TV, dão para umas boas gargalhadas, Vasco
Santana fazia o papel de um “empresário” que explorava miúdos que mendigavam na
rua, tendo vários a trabalhar por sua conta, controlados por um outro mais “reguila”,
que tomava nota do desempenho de cada uma e prestava contas do arrecadado que,
literalmente, nunca passava de uns míseros
tostões.
Diz a notícia do JN que um magistrado do M.P., quando passava
na movimentada Rua de Santa Catarina, no Porto, apercebendo-se de um caso
semelhante ao supra referido, alertou a polícia que, de facto, encontrou dois
menores que mendigavam, controlados por um sujeito de trinta anos, numa
actividade a que por cá se têm dedicado emigrantes romenos pouco dados ao
trabalho duro.
É sabido que, na situação que actualmente vivemos, por força
da quase paragem da economia, há muito gente a passar mal, e crianças a
mendigar na rua despertarão naturalmente a generosidade de quem passa, mas é
repugnante que um malandro qualquer as utilize para embolsar ele o que os
menores conseguem, subvertendo assim a
boa intenção de quem dá, supondo ajudar quem lhes estende a mão...
Amândio G. Martins
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