domingo, 17 de maio de 2020

Os hiperbólicos

As ilacções retiradas à pressa ou com interesse de qualquer tipo, são sempre abusivas. Dois exemplos são os artigos de Ester Mucznic ( Os "nossos idosos") e de José Ribeito e Castro ( Um dia triste - o anti-semitismo na mochila), no PÚBLICO de 14 e 17 de Maio, respectivamente. A primeira, manifestamente "desconfiada" ( ela mesma o confessa, várias vezes, no seu texto), infere coisas "nazis", em comparações estultas de tão despropositadas. O segundo também vê anti-semitismo numa mudança de lei que exige coisas aos descendentes dos judeus sefarditas portugueses de há cinco séculos. No primeiro caso refere-se somente ao "dever de protecção" que o anterior estado de emergência, com justeza, incluiu no diploma legislativo. No segundo caso, a referência vai para a exigência de obrigações que impeça o aumento exponencial de pedidos nacionalidade, que é somente um modo "esperto" de obter um passaporte para livre circulação. Ambos hiperbólicos quando, aparentemente, só desejariam ser éticos.

Fernando Cardoso Rodrigues

PÚBLICO de 19/5/2020

4 comentários:

  1. É muito raro estar de acordo com os textos de Esther Mucznik, sobretudo naqueles em que ela defende com pouca racionalidade as posições do Estado de Israel só porque… é judia. Neste artigo, posso dizer que não me importaria de o subscrever. É que isto de decretar confinamentos, e ainda mais a grupos restritos, não me cheira bem. Talvez pareça “hiperbólico” fazer comparações (convenientemente veladas…) a posições nazis, mas estas, quando surgiram, também não pareciam tão más como acabaram por se revelar. Por essas e por outras é que temos de ter certos cuidados contra os confinamentos, obrigatórios para ciganos, por exemplo, ou “carinhosamente” aconselhados aos “nossos idosos”. Confesso que, tanto como a autora do artigo, me sinto farto de tanto paternalismo, e não só por pertencer ao mesmo escalão etário.
    Já o reparo que o Fernando faz ao texto do José Ribeiro e Castro colhe totalmente o meu acordo. Não é a primeira vez que este senhor vê a árvore sem dar conta da floresta.

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    1. Deixe-me brincar: mais vale que a discordância seja só pela metade. Só que, curiosamente, a metade em que discordamos é aquela que considero... mais hiperbólica. Aliás, penso que já discutimos isso aqui. Porque é que devemos "temer", logo "à cabeça", coisas tão horrendas como segregações "protonazis"? Não estamos num Estado de Direito, democrático nas suas essência e prática, com separação de poderes, com um parlamento de ideologias diversas - duma ponta à outra - e... por aí fora? E, pela positiva, fazendo "dever de protecção" numa lei transitória durante uma pandemia, desempenhando o seu papel perante os mais velhos, que são os que morrem do vírus. É que, sem protecção que - se virmos o "copo meio vazio, logo á partida - morreriam ( como se vê nas estatísticas ) e assim.... nem a velhos chegariam. Olhe, eu senti-me protegido com os conselhos que me deram.... sem nunca ter perdido a minha liberdade!

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    2. Como sempre, respeito o seu ponto de vista. O problema é que me irrito quando aparecem os escuteiros a ajudar-me a atravessar a rua. Rua essa que, por acaso, eu até nem queria atravessar…

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    3. E eu o seu. Portanto...
      Só mais uma coisa "lúdica": olhe, quanto a "escuteiros"... nem seria mau ( não para si) pois os semáforos já não chegarão... Abro a janela do quarto, fico aí uns 15 minutos a olhar e... em cada 10 velhos que atravessam a rua... pelo menos metade fazem-no sem ver a cor da "luzinha" e é cada "chiadeira"...

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