Com a morte física...
...De Maria Velho da Costa, das “Três Marias” já só resta
uma, que também já não é jovem; fui dos que comprou o livro que lhes deu
celebridade e lhes custou um processo, de cujas peripécias o mundo ficou a
conhecer melhor a natureza do regime que sufocava o nosso país, processo que foi
mais uma peça importante, a juntar a tantas outras, que legitimaram perante o
mundo o derrube da ditadura.
Houve um tempo na minha vida em que, depois da primeira
leitura, mandava encadernar os livros
que ia comprando, pelo menos todos os que não fossem de capa dura, uma mania
que me ficava mais cara que o custo inicial do livro, mas que os deixava mais
bonitos e, sobretudo, muito mais resistentes ao manuseio; juntava uma meia dúzia
deles e entregava-os numa livraria, por onde passava periodicamente o
encadernador à procura de serviço.
E foi numa dessas ocasiões que perdi “Novas Cartas
Portuguesas” e mais uns quantos, num imbróglio que nunca cheguei a perceber muito
bem porque, tendo-me sido apresentados livros que me não pertenciam, deixei-os
ficar na livraria para que o encadernador desfizesse o engano, coisa que nunca
mais aconteceu, porque entretanto também mudei para outra terra e não quis mais
saber daquilo.
Numa entrevista que deu há uns bons anos ao canal 2 da RTP,
e agora relembrada, Maria Velho da Costa louvava a maneira de o povo se exprimir, com um exemplo
bem engraçado; estando na estação do
caminho de ferro, perguntou a uma pessoa simples se sabia por que linha viria a
composição que esperavam, que lhe terá respondido assim: “Se houver de vir, há-de
haver de vir vindo ali naquela”...
Amândio G. Martins
Ouvi-a dizer, numa entrevista, que a palvra é mais importante que a literatura...
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