terça-feira, 26 de maio de 2020

A INFORMAÇÃO QUE TEMOS




Em plena pandemia COVID-19, um grupo de paramilitares e mercenários desencadeou uma operação armada (Operação Gedeón), cujo objetivo era tomar de assalto edifícios e infraestruturas estratégicas, como o principal aeroporto do país, sequestrar ou assassinar responsáveis políticos incluindo o seu presidente, depor o Governo e substitui-lo por outro da confiança de quem apoiou tal operação.
Não será isto notícia? Pelo que se constou, parece que não. Não abriu telejornais, não foi primeira página de jornais de referência, com exceção do jornal Avante e do Conselho Português para a Paz e Cooperação,passou aí, onde passou, como cão por vinha vindimada.
É pois, esta, a informação que temos. A informação dominante que formata opiniões.
Porquê o quase silêncio sobre este atentado terrorista, este acontecimento de tal gravidade? Ora porquê! Porque se trata de um dos países que não se submete ao autodenominado guardião da democracia e dos direitos humanos, os EUA, e seus aliados ou vassalos, a Venezuela.
Segundo as entidades acima referidas que, com a devida vénia, citamos, tal operação foi apoiada pelos já referidos EUA e pela Colômbia.
Vários mercenários e paramilitares foram mortos e 48 capturados. Entre eles, alguns veteranos de guerra norte-americanos e desertores do exército venezuelano. Do material apreendido, consta um contrato escrito com a empresa privada de mercenários Silvercorp sediada na Florida, cujo proprietário é um militar veterano dos EUA. O valor do contrato é de 212 milhões de dólares. Assinado, imaginem por quem? É verdade, por esse mesmo; o preferido de Trump e não só, à presidência da Venezuela, Juan Guaidó.
Tudo isto, como se disse, em plena pandemia(3/5/20) que assentou arrais na América Latina e na outra mais a norte onde está a provocar milhões de desempregados, muito sofrimento e morte. Nem assim, como se vê, o imperialismo norte-americano desiste de tentar de novo, transformar a América Latina no seu quintal das traseiras. Por isso, continua a apoiar, a fomentar, ações terroristas como esta, a tentar impor marionetas como Guaidó, e embargos, como o faz a Cuba e à Venezuela, mesmo em tempo de pandemia que tantas dificuldades cria àqueles povos e respetivos Governos, para a combater.
É esta, a moral, o respeito pelo Direito Internacional, de quem detém a mais poderosa máquina de guerra do mundo, e domina a aliança político-militar que, ao seu serviço, intervém a nível global, a NATO.
Agora, quando se diz que depois desta calamidade que fustiga a humanidade, nada será como dantes, agora, com o atual inquilino da Casa Branca a desvalorizar a saúde e a vida do seu povo, dos povos, fazendo humor negro, propondo mesinhas e disparates para a cura da doença, culpando terceiros pelo aparecimento do vírus que lhe dá origem, não será tempo de nos distanciarmos? Não será tempo de se dar cumprimento à nossa Constituição que preconiza o fim de todas as organizações político-militares, e exigirmos a saída de Portugal da NATO?
Francisco Ramalho

Publicado hoje no jornal acima referido

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