Já lá vai o tempo
em que o poder estava essencialmente na ponta das baionetas. Agora,
está mais nos écrans da televisão, dos computadores e, algum
ainda, na rádio e nos jornais. É claro que as Forças Armadas e
toda a parafernália bélica convencional e nuclear continuam a
contar muito. Mas, sobretudo, fundamental, é condicionar, manipular,
as massas, para assim mais facilmente serem exploradas e convencidas
de que as guerras são necessárias. Portanto, o domínio da
comunicação social(CS) pela classe dominante, é essencial.
Com o advento da
Internet e respetivas redes sociais e a concentração dos órgãos
da CS , a imprensa regional e as rádios locais, começaram a perder
leitores e ouvintes. Mas a sua função não deixou de ser útil às
populações, porque são elas quem melhor conhece os seus problemas
e anseios, e quem mais divulga o seu dia a dia, as potencialidades e
realidades de cada região e ainda, nada dispiciendo, a opinião dos
seus colunistas/ colaboradores. Mas se diminuírem drasticamente
leitores, ouvintes e publicidade, não há milagres! E algumas dessas
rádios e jornais, sucumbem.
A CS, também não
esteve imune aos efeitos desastrosos da omnipresente pandemia,
atingindo em cheio, sobretudo, a imprensa regional ao ponto de, pelo
menos 15 jornais, terem deixado de ser imprimidos. E outros, como
aqui o velhinho e prestigiado “O Setubalense”, terem recorrido a
recolhas de fundos.
Perante este quadro,
o Governo decidiu, em forma de pagamento antecipado de publicidade
institucional, auxiliar o sector em 15 milhões de euros. A forma
como o fez, como foi atribuído esse dinheiro, é imagem de marca e
retrata as opções fundamentais do partido que o suporta, o PS. Se
não vejamos: mais de metade, foi apenas para 3 grupos. 3,5 milhões
para a Impresa, dona da SIC, do Expresso e do jornal Blitz. 3,3 para
a Media Capital, que detém a TVI, a Rádio Comercial e a M 80. E 1,7
para a Cofina, proprietária do Correio da Manhã, Jornal de
Negócios, Record, e revistas Sábado e Flash.
Depois, 1 milhão
para a Global Notícias, proprietária da TSF, Diário de Notícias
e Jornal de Notícias. 480 mil para o Grupo Renascença. 406 mil para
o Trust In News, dono das revistas Visão, Exame, Activa e Caras. 329
mil para o jornal “A Bola”. 315 mil para o Publico. 38 mil para o
I. 28 mil para o Jornal Económico. E, finalmente, 1,7 milhões para
as rádios locais e 2 milhões para a imprensa regional de todo o
país.
Agora, cada um que
faça o seu juízo sobre tudo isto. Sobre as opções do Governo.
Sobre a influência que cada um destes grupos e dos media que
controlam, têm na informação que chega aos portugueses, e a
influência que ela exerce sobre eles. Sobre a opinião publica.
Nós, já fizemos o
nosso e já aqui o escrevemos; a subordinação dos partidos ditos
socialistas, trabalhistas ou social-democratas, ao capitalismo, é o
grande drama do povo, dos povos, dos nossos dias. Esta opção do
Governo/PS, é mais um exemplo disso.
Francisco Ramalho
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