quarta-feira, 3 de junho de 2020

Falta muito?


Chegou a altura de começarmos a sentir na pele algumas das consequências que vieram para ficar por muito tempo, todas resultantes de uma voz de comando quase uníssona dos governos europeus face às ameaças do novo coronavírus. Travar o vírus foi fulcral para todos, mas o que se fez nesse sentido ignorou em demasia todas as consequências para lá das imediatas. Sem estarem acima da plataforma de discussão, foram opções políticas que se entendem, porque, neste nosso “novo mundo” avesso ao risco, não há governo que, com receio das reacções públicas, se atreva a ponderar, sem precipitações nem pressas, decisões que possam parecer não-securitárias. À boleia de uma comunicação social monocordicamente abrangente, para não dizer totalitária, ninguém olhou a despesas, mas, a partir de agora, vai ter de se pagar a conta. A UE sente-se obrigada, e muito bem, a apresentar um fundo de recuperação que alivie todo o sofrimento visível no crescimento das filas para subsídios de desemprego e recolha de alimentos. Parece inevitável a criação de novos impostos, desta vez “europeus”, a novidade. Em contraponto aos impostos convencionais, primariamente incidentes sobre os violadores do ambiente e multinacionais, digitais ou outras, que beneficiam das infra-estruturas sem para elas contribuírem, surgem propostas de tributar a riqueza. Especialistas insuspeitos apontam para que certos impostos sobre a riqueza de 1% dos mais ricos na UE, mesmo apenas temporariamente, só dez anos, pode ser suficiente. Só se pergunta: de que é que estamos à espera? 

2 comentários:

  1. O José é persitente mas... eu não o largo! Para chegar á pergunta final - que eu subscrevo - o preâmbulo de que não se privou! Até "totalitário" (sem aspas) empregou! Será que o seu "novo mundo" é o meu "mundo novo" de que ( coicidência!) falei no texto que escrevi há momentos?...

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    1. Sem aspas, mas cautelosamente, atendendo à reserva que apliquei no “para não dizer”. O significado mais usual de totalitário, todos o sabemos, mas há outros. Por exemplo: “que não admite divisões nem fraccionamentos” (Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora, 2002). Confesso-lhe que, durante todo este tempo, me tenho sentido “esmagado” pelo assunto na Comunicação Social. Por isso, é bom tomar conhecimento de que há outras maneiras de ver o assunto. Tenho a certeza de que o artigo de Arlindo Oliveira, no Público de 1 de Junho, não lhe escapou...
      O meu “novo mundo” é, trivialmente, este em que vamos vivendo, com “sintomas” que se vão agravar no pós-pandemia. O seu “mundo novo” é muito mais rico, fascinante, mas a minha ignorância científica não me permite ultrapassar o patamar do entusiasmo.

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