Por cruel que pareça...
...Costumo dizer que os avós não são pessoas confiáveis para
se deixar as crianças; e não quero com isto acusá-los de negligência, coitados,
que bem hão-de sofrer perante as tragédias que ocorrem debaixo do seu nariz;
mas são tantos os casos noticiados que tenho pavor de um dia poder passar por
uma situação assim.
1 – O menino ficava o dia todo com a avó, que só tinha olhos
para ele; todavia, ocupada momentâneamente com qualquer tarefa, quando olhou
para o lado já não viu a criança; aflita, como é fácil imaginar, procura em
todos os cantos, chegam vizinhos para a judar, até que vão encontrar o pequeno
a boiar num tanque da quinta.
2 – A criança desapareceu da vista tão repentinamente, que só
podia ter sido raptada, tão pequenina que era que não podia ir longe por si própria
- diziam; só que foi mesmo, sendo encontrada, no dia seguinte, numa mata das
redondezas, tranzida de frio e fome.
3- O menino e o avô eram inseparáveis; um dia, no momento em
que manobrava o carro em marcha a trás,
não viu a criança que corria para ele e passou-lhe por cima; noutro caso
semelhante, levava o avô o neto em cima do tractor e, num ressalto inesperado,
o menino caíu e a pesada máquina passou-lhe por cima.
4 – A menina ia na rua, pela mão da avó; de repente, dá um
esticão e atravessa para o outro lado, no justo momento em que passava um carro,
que não pôde evitar a tragédia. E vem este relato a propósito de mais um caso,
noticiado pelo JN, acontecido na Póvoa de Varzim.
“Quando a avó se apercebeu – diz a notícia – a bebé, que
ainda mal andava, tinha desaparecido. Avó e neta estavam na nova casa, num prédio
ainda por acabar. Depois de uma busca, os pais acabariam por encontrar a menina
a boiar na piscina comum do prédio”.
Ora bem: tudo isto também pode acontecer na companhia dos
pais, mas o que pretendo mostrar é que não é justo que os avós, para lá da dor
da tragédia, ainda tenham que carregar a culpa de não terem sido “competentes”
para vigiar as crianças; é que onde há crianças o perigo espreita a cada
momento, e os avós, quase sempre, já não têm os reflexos suficientes para
acompanhar a cada segundo a irrequietude natural das crianças!...
Amândio G. Martins
Quer-me parecer que o meu caro amigo está a fugir à..."avozice"!...
ResponderEliminarRealmente, como está sempre a dizer a minha mulher, aos miúdos não se lhes pode tirar os olhos de cima, nem um minuto.
Na verdade, não tenho como fugir, mas quando os futuros pais nos deram a notícia, e a minha mulher lhes fes saber que depois havia de querer aqui o netinho, fui logo prevenindo que não "confiassem" muito nos avós...
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