quarta-feira, 3 de junho de 2020

O admirável mundo novo...

Não o escrevo em maiúsculas para não vilipendiar o grande Aldous Huxley. Mas foi o que me veio à cabeça ao ver e ler, respectivamente, o documentário de ontem na RTP2  (O fim do envelhecimento)  e o artigo no PÚBLICO de hoje ( Minifígado humano fabricado a partir de células da pele). De valor desigual, com vantagem para o segundo, ambos confluem no que significam do "novo mundo".
O primeiro, começando com uma análise sociológica do movimento demográfico a nível etário, busca, depois, suporte científico, continua, falando de pensões e reformas e termina com a palavra "assassina": dinheiro. Desconfiei mas, pronto, gostei como informação. O segundo, bem mais consistente, impressionou-me, talvez porque já tenha andado metido na clínica daquelas "andanças". Daí merecer uma melhor análise. Todos nós já ouvimos falar de células estaminais, que poderemos designar por "primordiais", já que são totipotentes, ou seja, podem diferenciar-se em qualquer outro tipo de célula  constituinte de qualquer tecido do corpo humano. Existentes no sangue do cordão umbilical, veio depois a saber-se que existem em várias zonas do corpo adulto, quase como se ali estivessem " para o que der e vier". Mas o que agora fizeram ( primórdios...) foi pegar no fibroblasto, célula diferenciada da pele, fazê-la regredir a célula estaminal ( uau!) e, seguidamente, fazer esta evoluir para diversos tipos de células diferenciadas ( hepatócitos, endotélio, mesenquimatosas, etc) que constituem  a variedade de que o fígado é constituído ( uau, uau!)! É como se fechasse um botão de rosa  e, depois, o fizéssemos reabrir num ramo de diferentes tipos de flor!
Se os velhos vão "viver para sempre", não creio, embora a longevidade aumentada já seja um facto. Quanto ao fígado nascido daquela "jiga-joga", só penso no benefício que isso trará aos transplantes, sem  as dificuldades imunológicas e outras que ainda há na actualidade. Por muito que isso quase faça desmaiar juristas sensíveis, como eu vi num curso de pós-graduação, quando uma senhora exclamou, branca como a cal: "mas... mas eu posso ter um "irmão"....fígado?!". Seria mais um quase "clone" mas.... isso "pouco importa", não é?....

Fernando Cardoso Rodrigues

1 comentário:

  1. O que eu quero, só quero, é que enquanto me for permitido cá andar, poder fazê-lo com um mínimo de qualidade...

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.