sexta-feira, 12 de junho de 2020


Discriminação na própria etnia...


Todos nos lembramos das queixas de portugueses, quando começavam a fazer férias no Algarve, por se verem marginalizados, tratados como indesejados pelos seus compatriotas que aí trabalhavam nos mais diversos serviços, que só tinham olhos para estrangeiros; penso que as coisas, neste aspecto, devem ter melhorado bastante, dado não ter conhecimento de comportamentos discrimintórios, antes pelo contrário, tem havido campanhas para chamar mais gente da nossa para aquele local de vilegiatura.

No seu livro “A minha Herança”, Barack Obama também toca neste ponto:  Na visita que fez ao Quénia, terra dos antepassados do lado paterno, conta ele que, andando com  uma meia-irmã a passear por Nairobi, decidiram almoçar na esplanada de um hotel onde, depois de se sentarem, viram entrar uma família americana; dois criados africanos entraram imediatamente em acção, com um sorriso de orelha a orelha, enquanto ele e a irmã ficavam esquecidos.

“Primeiro pensei que talvez não tivessem reparado em nós – escreve Obama-  mas depois percebi que nos evitavam, até que fiz sinal a um deles, que finalmente nos trouxe o menu, com ar contrariado, deixando-nos de novo esquecidos;  o rosto da minha irmã contorcia-se de fúria, e eu voltei a chamar, vindo um tomar conta dos nossos pedidos; a esta altura os estrangeiros já estavam a comer, e nós nem tínhamos ainda os talheres, o que levou a minha irmã a levantar-se para saírmos, dizendo àqueles  empregados, em “suaíli”, que deviam ter vergonha do seu comportamento”.


Amândio G. Martins

Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.