Discriminação na própria etnia...
Todos nos lembramos das queixas de portugueses, quando começavam a fazer férias no Algarve, por se verem marginalizados, tratados como indesejados
pelos seus compatriotas que aí trabalhavam nos mais diversos serviços, que só tinham olhos para estrangeiros; penso
que as coisas, neste aspecto, devem ter melhorado bastante, dado não ter
conhecimento de comportamentos discrimintórios, antes pelo contrário, tem
havido campanhas para chamar mais gente da nossa para aquele local de
vilegiatura.
No seu livro “A minha Herança”, Barack Obama também toca
neste ponto: Na visita que fez ao Quénia,
terra dos antepassados do lado paterno, conta ele que, andando com uma meia-irmã a passear por Nairobi, decidiram
almoçar na esplanada de um hotel onde, depois de se sentarem, viram entrar uma
família americana; dois criados africanos entraram imediatamente em acção, com
um sorriso de orelha a orelha, enquanto ele e a irmã ficavam esquecidos.
“Primeiro pensei que talvez não tivessem reparado em nós –
escreve Obama- mas depois percebi que
nos evitavam, até que fiz sinal a um deles, que finalmente nos trouxe o menu,
com ar contrariado, deixando-nos de novo esquecidos; o rosto da minha irmã contorcia-se de fúria, e
eu voltei a chamar, vindo um tomar conta dos nossos pedidos; a esta altura os
estrangeiros já estavam a comer, e nós nem tínhamos ainda os talheres, o que
levou a minha irmã a levantar-se para saírmos, dizendo àqueles empregados, em “suaíli”, que deviam ter
vergonha do seu comportamento”.
Amândio G. Martins
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