Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
sexta-feira, 19 de junho de 2020
Um texto de Miguel Torga, do seu Diário VIII de 1958:
"Agora, quem quiser um bom médico, um bom ditador, um bom capitalista, uma boa mulher, um bom cavalheiro de indústria, tem de vir aqui. O país é esta metrópole de carnação alva, que o não testemunha mas devora, sem dar cavaco a ninguém e sem medo de ser chamado à pedra. Como acontece com a área de qualquer embaixada, também Lisboa goza de que não sei que sagrada extra- territoralidade dentro da pátria. Imunidades de toda a ordem permitem-lhe ser ao mesmo tempo a nação e a contra-nação. A nação, na medida em que só ela conta, só ela come, só ela sabe, só ela se diverte, só ela manda; a contra-nação, por todas essas razões. Empanturrada de poder e prazer, em vez de unificar a diversidade do país, cresta-o dos seus valores e degrada-os. O espelho liso da alma dum povo, que deve ser a sua capital - e o povo português tem uma alma - nesta pobre terra é empenado. A íntima e colectiva fisionomia que temos, vê-se nele deformada e monstruosa. Aqui refletidos, parecemos todos ou parolos de primeira ou civilizados de terceira".
Seis décadas depois, nada mudou. Apesar do 25, da UE e do Quim Barreiros.
José Valdigem
2 comentários:
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Viva o Quim Barreiros!...
ResponderEliminarBiba, carago!
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