O artigo de Ricardo Cabral no PÚBLICO de anteontem (8/6) é muito bom. Diz, fundamentalmente, três coisas: que o Fundo de Recuperação europeu ( que ainda não foi aprovado, valha a verdade) é muito semelhante, nas intenções e peso, ao Plano Marshall do pós-guerra e, comparativamente no tempo, tem um valor total superior a este último e que Salazar, mesquinho que era,... foi "estúpido" até ao tutano em 1947-1948.
Deixo de lado o Plano Marshall naquilo que foi, pois já há muito mostrou o seu efeito benéfico na Europa. Também de lado fica o Fundo de Recuperação europeu, já que ainda "não viu a luz do dia", embora o projecto conhecido já abone a favor de quem o desenhou no topo das instituições da Europa. E fico-me pela mesquinhez do "Botas". Desdenhando do lúcido pensamento do ministro dos Negócios Estrangeiros, Caeiro da Mata, e apoiado pelo tristemente célebre "Lumbrales", ministro das Finanças, rejeitou receber a quota parte que Marshall dedicava a Portugal porque ... "não precisávamos". Ainda em 1948, com as "calças na mão" foi "pedinchar aos EUA" que responderam que... só o teriam podido fazer dentro do plano Marshall. Ainda conseguiu 10 milhões de dólares dos 625 que pediu, mas...
Olha-se para isto e o que se vê? Salazar, além de ditador, perdeu a guerra ideologicamente e, ficando com a aura de termos beneficiado duma pretensa "neutralidade" guerreira, mostrou o orgulho mesquinho que o caracterizava de "pobrete mas alegrete" e, com a dita "neutralidade", tornou-nos a nós igualmente mesquinhos nos comportamentos, já que ficámos de fora dum tempo em que a Europa deu saltos de gigante no plano do desenvolvimento. Hoje só me resta esperar que a mesquinhez ( de diferente cariz...) não venha desta. O bom desenho está feito e contabilizado, agora só resta esperar que venha a execução do mesmo. De "Botas e Cª" já tivémos o nosso quinhão, até 25/4/1974. Agora.... estamos, felizmente, na Europa!
Fernando Cardoso Rodrigues
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