quarta-feira, 3 de junho de 2020


E não é que me vejo igual?!...


Há já muitos anos li no JN uma entrevista ao fundador e presidente de uma grande construtora do Porto, que teve milhares de trabalhadores e obras em vários países, e hoje anda pelas ruas da amargura, que dizia fazer-lhe muita confusão ver como os operários esperavam até ao último segundo pelo toque de começar a trabalhar, e só depois é que iam à procura das ferramentas necessárias; como trabalhei sempre muito mais horas do que estaria obrigado, sempre que a dinâmica do próprio serviço o exigia, também nunca tive pachorra para ficar parado à frente de trabalho para fazer.

Numa notável entrevista de quatro páginas que deu ao JN de ontem, 02.06, o professor Sobrinho Simões mostra a mesma filosofia de vida, dizendo que a coisa que mais o assustou na vida foi a reforma, e quando perguntado como resolveu isso, disse que passou a ter ainda mais actividades do que antes, tudo a correr, numa fuga para a frente.

Chama “sorte de gaiola” ter sido uma criança mimada e cresceu habituado a ser o melhor: licenciou-se com 18 valores, especilizou-se com 19 e doutorou-se com 20; diz ter excesso de orgulho e que as suas soluções são sempre pela fuga em frente, e que perder é para si um fantasma; diz que por ter sido tão mimado podia ter ficado imbecil e pesporrente, mas teve a sorte de ser uma pessoa generosa, o gajo que dava as sebentas...


Amândio G. Martins

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