NOTA: DADA A SUA EXTENSÃO, ESTE POST É PUBLICADO EM 4 PARTES
PARTE I
Conseguem imaginar o sentimento de um mestre-escola, diante de uma turma de rapazelhos indisciplinados, que não se calam à ordem do professor, que não param de evidenciar a sua “superioridade”, quantas vezes imaginária, com o único argumento de que os colegas são uns ranhosos insuportáveis?
Não sou professor (já fui), mas consigo colocar-me na sua pele para imaginar esse sentimento.
Que fazer?
O mais fácil - e apetecível - é correr a gangada à bofetada, expulsar uns da sala e castigar os outros, pondo-os contra a esquina das paredes no canto, com as orelhas de burro devidamente enfiadas pela cabeçorra abaixo.
Também não difícil é abandonar a sala, bater ruidosamente com a porta, e mandá-los a todos ir para sítios menos agradáveis.
Pois bem: aqui na Girafa, não vou adoptar nenhuma daquelas posições mais apetecíveis. Fico. E sem colocar qualquer condição, confortado que estou com a possibilidade de, para bater com a porta, me bastar querê-lo.
Primeira constatação: se alguém aqui quis dar-me cabo do juízo a ponto de me ver pelas costas, fica já avisado de que ainda não o conseguiu.
É, portanto, a minha vez de chatear toda a gente. A eito. E quem não gostar, dispõe também da possibilidade de bater com a porta. Tanto quanto me aconteceria a mim, ninguém vai ser chorado com desgosto durante muito tempo, que os “cemitérios” estão cheios de insubstituíveis.
Ora, então, vamos lá à função: desancar, a torto e a direito. A minha vontade é tanta que me dá medo arrancar para a faina de uma só vez. Em tempos de bolo-rei, o melhor será fatiar isto tudo e comer aos poucos, às talhadas. A ordem de consumo é arbitrária.
A COBARDIA
Isto de escrever refastelado atrás de um écran qualquer, retirando-se o espaço vital de centímetros ou metros, é, muitas vezes, mau conselho. Promove a cobardiazinha que permite exprimir maus pensamentos e sentimentos, até ofensivos, sem a possibilidade de arrostar com a reprovação de olhos presentes. Foi pena ter-se acabado com a “comunicação” que, antes dos blogues e das redes sociais, se fazia nas paredes dos sanitários públicos. Mas o cheiro é o mesmo.
A VITIMIZAÇÃO
Muitos dos “corajosos” de sanitário acumulam a virtude de, por tudo e por nada, se sentirem injustiçados. Alguns só porque, debaixo dos seus profundos pensamentos vertidos na parede do lado da sanita, os mandaram a “outro sítio”, onde, aliás, eles já se encontram. Só que, distraídos, não repararam convenientemente no chão que pisam.
A DISSIMULAÇÃO
Com frequência, os mesmos, sempre eles, armam-se em parvos, atiram pedras, escondendo a mão, e afivelam no rosto a máscara de inocência. Alva e pura, mas, obviamente, produto da dissimulação, arte em que são mestres.