Com este título, escrevia o destemido e culto
jornalista Batista Custódio dos Santos, na primeira página do combativo
semanário “Cinco de Março”, no agitado ano de 1963, um de seus mais eloquentes
artigos, segundo o qual havia um cavalo de fogo galopando nos horizontes da
pátria, à espera de quem pudesse montá-lo e conduzi-lo corajosa e decididamente
ao encontro de novos rumos para a solução dos problemas nacionais.
Era uma época de grande turbulência
política, em que o governo democrático de João Goulart, com planos de promover
algumas reformas estruturais no País, mas muito dominado pela agitação
sindical, ia perdendo sua autoridade, e seus opositores, sem condições de
derrotá-lo eleitoralmente, passaram a conspirar junto a setores militares, sob
a bandeira de combate à corrupção e subversão, iludidos pela esperança de
alcançarem as rédeas do poder.
O símbolo metafórico, que sempre
caracterizou o belo estilo literário do ilustre jornalista, profetizava na
imagem do corcel incendiário, caso não domado, as gravíssimas conseqüências
suscetíveis de acontecer, em face do extremismo direitista que digladiava com
setores da esquerda. Era preciso uma autêntica liderança de centro, então
omissa, quem sabe a do ex-presidente JK, para formar uma coalizão política, em
defesa da ordem democrática, o que, sem dúvida, poderia ter evitado o golpe
civil-militar imposto pela rebelião de 31 de março de 1964, que resultou em
longos anos de ditadura.
O impoluto “Cinco de Março”, tal como
seu sucessor “Diário da Manhã”, numa façanha inédita no jornalismo brasileiro,
propiciava a oportunidade para a opinião pública manifestar-se através de
vários articulistas de todos os setores ideológicos. Era eu um deles, com a
coluna “A História em Marcha” voltada para uma linha de centro – esquerda.
Devido ao atraso cultural reinante naqueles tempos, não só os diretores do
jornal sofriam perseguições, mas também seus colaboradores, porque havia
denúncia contra desmandos da administração pública, desregramentos sociais e
abusos da atividade privada, sobretudo o desmatamento da Amazônia causado pela
empresa Rio Impex que devastava o Mogno. Por ser mero colunista, fui impedido
de participar de um concurso para ingresso no serviço público, mediante
eliminação sumária, sem qualquer oportunidade de defesa. Foi traumatizante, mas
coisa melhor conquistei posteriormente, com a graça de Deus. Agradeço a
oportunidade de ter publicado tantos artigos, até os dias atuais, que dariam
para editar mais do que um livro.
Conheci o Batista em 1958, nos
saudosos tempos da mocidade, quando freqüentávamos os vesperais e noitadas
dançante do bar do Romário, na Avenida 24 de Outubro, no Bairro de Campinas.
Ele me exibia alguns folhetins com belos poemas de sua autoria e me estimulava
a publicar os meus versos. Sonhava com o jornalismo futuro, em que se consagrou
com todos os méritos.
Seus escritos consolidados na
coletânea “Luz Quebrada” precisam ser objeto de uma autorização para maior
divulgação nas mídias sociais. Continua sendo um genial profeta de luminoso
roteiro para os dias atuais, em que a Nação está dividida por correntes
extremistas.
É um Lula revoltado contra as
punições que lhe foram impostas (a última, pelo excesso da dosagem, tem ranço
de um “summum jus, summa injuria”) que o impedem de ser candidato, e um
presidente eleito, sob o beneplácito da divisão das hostes políticas, vítima de
um atentado, nas vésperas das eleições, cujo protagonista foi tido pela justiça
como um débil mental.
O esquerdismo lulopetista, que não
reconhece seus graves erros de ter ampliado a corrupção com vistas à
continuidade no poder combate o direitismo bolsonarista, ainda convivendo com o
fantasma do anticomunismo da finada guerra fria e pretendendo ser a salvação da
pátria.
Há uma chama incendiária nesse
conflito ideológico ameaçando nossa jovem democracia, justamente quando a
vizinhança latino-americana se envolve em grandes desordens, o que levou um dos
filhos do presidente, numa infeliz entrevista, falar em ressurreição do Ato
Institucional nº 5, de triste memória, que mergulhou o Brasil no extremo de um
terrível regime autoritário.
É preciso que haja o equilíbrio do
meio termo (in medio est virtus), com reconhecimento dos acertos de ambos os
sistemas políticos. Coisas positivas do Socialismo e do Capitalismo poderiam
conviver no atual mundo globalizado. A guerra fria acabou.
Torna-se urgente que uma reforma
política venha alterar a legislação eleitoral, para que, nas próximas eleições,
em caso de ocorrência de segundo turno, haja a participação dos 03 candidatos
mais votados, evitando que se repita o acontecido nas últimas eleições, em que
não houve a chance de uma terceira via mais adequada para os interesses
nacionais.
Adotado o sistema ortográfico brasileiro
Gostei da análise do prof. Vivaldo. Nesta área, estamos em sintonia.
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