sábado, 14 de dezembro de 2019

BATISTA CUSTÓDIO: COMENTÁRIO A UM ATUAL E ANTIGO TEXTO DE SUA AUTORIA— CAVALO DE FOGO


       Com este título, escrevia o destemido e culto jornalista Batista Custódio dos Santos, na primeira página do combativo semanário “Cinco de Março”, no agitado ano de 1963, um de seus mais eloquentes artigos, segundo o qual havia um cavalo de fogo galopando nos horizontes da pátria, à espera de quem pudesse montá-lo e conduzi-lo corajosa e decididamente ao encontro de novos rumos para a solução dos problemas nacionais.
Era uma época de grande turbulência política, em que o governo democrático de João Goulart, com planos de promover algumas reformas estruturais no País, mas muito dominado pela agitação sindical, ia perdendo sua autoridade, e seus opositores, sem condições de derrotá-lo eleitoralmente, passaram a conspirar junto a setores militares, sob a bandeira de combate à corrupção e subversão, iludidos pela esperança de alcançarem as rédeas do poder.
O símbolo metafórico, que sempre caracterizou o belo estilo literário do ilustre jornalista, profetizava na imagem do corcel incendiário, caso não domado, as gravíssimas conseqüências suscetíveis de acontecer, em face do extremismo direitista que digladiava com setores da esquerda. Era preciso uma autêntica liderança de centro, então omissa, quem sabe a do ex-presidente JK, para formar uma coalizão política, em defesa da ordem democrática, o que, sem dúvida, poderia ter evitado o golpe civil-militar imposto pela rebelião de 31 de março de 1964, que resultou em longos anos de ditadura.
O impoluto “Cinco de Março”, tal como seu sucessor “Diário da Manhã”, numa façanha inédita no jornalismo brasileiro, propiciava a oportunidade para a opinião pública manifestar-se através de vários articulistas de todos os setores ideológicos. Era eu um deles, com a coluna “A História em Marcha” voltada para uma linha de centro – esquerda. Devido ao atraso cultural reinante naqueles tempos, não só os diretores do jornal sofriam perseguições, mas também seus colaboradores, porque havia denúncia contra desmandos da administração pública, desregramentos sociais e abusos da atividade privada, sobretudo o desmatamento da Amazônia causado pela empresa Rio Impex que devastava o Mogno. Por ser mero colunista, fui impedido de participar de um concurso para ingresso no serviço público, mediante eliminação sumária, sem qualquer oportunidade de defesa. Foi traumatizante, mas coisa melhor conquistei posteriormente, com a graça de Deus. Agradeço a oportunidade de ter publicado tantos artigos, até os dias atuais, que dariam para editar mais do que um livro.
Conheci o Batista em 1958, nos saudosos tempos da mocidade, quando freqüentávamos os vesperais e noitadas dançante do bar do Romário, na Avenida 24 de Outubro, no Bairro de Campinas. Ele me exibia alguns folhetins com belos poemas de sua autoria e me estimulava a publicar os meus versos. Sonhava com o jornalismo futuro, em que se consagrou com todos os méritos.
Seus escritos consolidados na coletânea “Luz Quebrada” precisam ser objeto de uma autorização para maior divulgação nas mídias sociais. Continua sendo um genial profeta de luminoso roteiro para os dias atuais, em que a Nação está dividida por correntes extremistas.
É um Lula revoltado contra as punições que lhe foram impostas (a última, pelo excesso da dosagem, tem ranço de um “summum jus, summa injuria”) que o impedem de ser candidato, e um presidente eleito, sob o beneplácito da divisão das hostes políticas, vítima de um atentado, nas vésperas das eleições, cujo protagonista foi tido pela justiça como um débil mental.
O esquerdismo lulopetista, que não reconhece seus graves erros de ter ampliado a corrupção com vistas à continuidade no poder combate o direitismo bolsonarista, ainda convivendo com o fantasma do anticomunismo da finada guerra fria e pretendendo ser a salvação da pátria.
Há uma chama incendiária nesse conflito ideológico ameaçando nossa jovem democracia, justamente quando a vizinhança latino-americana se envolve em grandes desordens, o que levou um dos filhos do presidente, numa infeliz entrevista, falar em ressurreição do Ato Institucional nº 5, de triste memória, que mergulhou o Brasil no extremo de um terrível regime autoritário.
É preciso que haja o equilíbrio do meio termo (in medio est virtus), com reconhecimento dos acertos de ambos os sistemas políticos. Coisas positivas do Socialismo e do Capitalismo poderiam conviver no atual mundo globalizado. A guerra fria acabou.
Torna-se urgente que uma reforma política venha alterar a legislação eleitoral, para que, nas próximas eleições, em caso de ocorrência de segundo turno, haja a participação dos 03 candidatos mais votados, evitando que se repita o acontecido nas últimas eleições, em que não houve a chance de uma terceira via mais adequada para os interesses nacionais.
Adotado o sistema ortográfico brasileiro

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