sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Também me apetece falar 1


NOTA: DADA A SUA EXTENSÃO, ESTE POST É PUBLICADO EM 4 PARTES


PARTE I


Conseguem imaginar o sentimento de um mestre-escola, diante de uma turma de rapazelhos indisciplinados, que não se calam à ordem do professor, que não param de evidenciar a sua “superioridade”, quantas vezes imaginária, com o único argumento de que os colegas são uns ranhosos insuportáveis? 
Não sou professor (já fui), mas consigo colocar-me na sua pele para imaginar esse sentimento.
Que fazer?
O mais fácil - e apetecível - é correr a gangada à bofetada, expulsar uns da sala e castigar os outros, pondo-os contra a esquina das paredes no canto, com as orelhas de burro devidamente enfiadas pela cabeçorra abaixo. 
Também não difícil é abandonar a sala, bater ruidosamente com a porta, e mandá-los a todos ir para sítios menos agradáveis.
Pois bem: aqui na Girafa, não vou adoptar nenhuma daquelas posições mais apetecíveis. Fico. E sem colocar qualquer condição, confortado que estou com a possibilidade de, para bater com a porta, me bastar querê-lo.
Primeira constatação: se alguém aqui quis dar-me cabo do juízo a ponto de me ver pelas costas, fica já avisado de que ainda não o conseguiu.
É, portanto, a minha vez de chatear toda a gente. A eito. E quem não gostar, dispõe também da possibilidade de bater com a porta. Tanto quanto me aconteceria a mim, ninguém vai ser chorado com desgosto durante muito tempo, que os “cemitérios” estão cheios de insubstituíveis.
Ora, então, vamos lá à função: desancar, a torto e a direito. A minha vontade é tanta que me dá medo arrancar para a faina de uma só vez. Em tempos de bolo-rei, o melhor será fatiar isto tudo e comer aos poucos, às talhadas. A ordem de consumo é arbitrária.


A COBARDIA
Isto de escrever refastelado atrás de um écran qualquer, retirando-se o espaço vital de centímetros ou metros, é, muitas vezes, mau conselho. Promove a cobardiazinha que permite exprimir maus pensamentos e sentimentos, até ofensivos, sem a possibilidade de arrostar com a reprovação de olhos presentes. Foi pena ter-se acabado com a “comunicação” que, antes dos blogues e das redes sociais, se fazia nas paredes dos sanitários públicos. Mas o cheiro é o mesmo.


A VITIMIZAÇÃO
Muitos dos “corajosos” de sanitário acumulam a virtude de, por tudo e por nada, se sentirem injustiçados. Alguns só porque, debaixo dos seus profundos pensamentos vertidos na parede do lado da sanita, os mandaram a “outro sítio”, onde, aliás, eles já se encontram. Só que, distraídos, não repararam convenientemente no chão que pisam. 


 A DISSIMULAÇÃO
Com frequência, os mesmos, sempre eles, armam-se em parvos, atiram pedras, escondendo a mão, e afivelam no rosto a máscara de inocência. Alva e pura, mas, obviamente, produto da dissimulação, arte em que são mestres. 

2 comentários:

  1. Li e reli o seu primeiro texto, com alvo definido. ( O que ele nos quis fazer: sentar-nos no tribunal porque estivemos contra o monstro fascistóide, Neto (homónimo , dele) Moura). O outro bloguista nem se mexeu... No mínimo,
    ao meu comentário na altura, havia lugar à sua solidariedade. Solidariedade? O que é isto? Ah!, é um psicofármaco!... Na Voz da Girafa houve uma demarcada e localizada posição, que se arvorou em detentora da propriedade intelectual. Neste âmbito, o companheiro das Letras, Mário da Silva Jesus, lamentavelmente, não saiu em vão... Quando me auto-suspendi de escrever, aqui, dando-lhe prévio conhecimento, não foi por acaso, não!... O reiterado rotulado (não por mim) informador, bufo ou pide, nunca desmentindo, com as suas rimas, escritas no blogue, faz sair do sério qualquer filho do Cosmos! Ainda assim, regressei com prazer (e por si). A roda livre, instalada, sem travões, num movimento imparável?!, está para lá das transgressões do limite de velocidade. Também li e reli os seus quatro textos. Não sou cego nem decepado. O camarada jornalista, José Rodrigues, merece-me estima e consideração por ter, generosamente, sido a alma continuadora da Voz da Girafa. Oxalá!, me engane, mas prevejo dias vindouros com muita tempestade palavrosa? Só palavras?... Com tristeza, com muita Tristeza, retiro-me de vez, da Voz da Girafa.
    Prezado José Rodrigues, desejo-lhe um Saudável ano de 2020!, envolvido num grato abraço.

    Apostila: I) Não estarei coibido de responder a quem beliscar, por má-fé, a minha pessoa. Qualquer crítica justa e bem observada, agradeço.
    II) Acabei por, ainda, não ter ido à Invicta, daí...

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    1. Genericamente, agradeço as palavras que, pessoalmente, me dirige. Retribuo-lhe, sem qualquer reserva, e com muita sinceridade, as mesmas estima e consideração, para além, naturalmente, dos seus votos de um saudável ano de 2020.
      O seu comentário, talvez por minha incapacidade, não se tornou totalmente claro para mim e, neste momento difícil e crucial, seria bom que não houvesse dúvidas nem incertezas.Quer o Vítor esclarecer-me(nos) sobre as identidades do “monstro fascistóide” e do “outro bloguista”? E qual foi o seu comentário que dava lugar à “solidariedade/psicofármaco”? É possível que eu devesse atingir os seus alvos sem qualquer tipo de dúvida, mas, com toda a sinceridade, penso que pode haver equívocos que, neste momento, devem ser afastados a qualquer preço. Daí, as minhas perguntas.
      É verdade que, “no tribunal”, eu tentei colocar toda a gente. Incluindo-me a mim próprio. Não foi só aos outros. Nestas coisas, nunca há os totalmente inocentes, como certamente saberá. No entanto, só de me passar pela cabeça que “coloquei no tribunal” alguém por ter estado contra o monstro fascistóide provoca-me sérias reacções somáticas.
      Um abraço também para si.

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