A fria planificação!

A linguagem é assustadora e despudorada, por muito que Economia "agradeça"! A associação que reúne as empresas de indústria textil (ATP), pela voz do seu director geral, Paulo Vaz, veio anunciar que tem um plano estratégico "para conseguir a liderança mundial nos produtos de design e performance, em alta gama" (sic).Segundo li, conseguirão vender mais e com mais lucro... cortando a eito no emprego instalado e no número de empresas que dão trabalho às pessoas que o lá o têm. Assim... "iria ao ar" 1/3 das 6.700 empresas existentes e 28.000 postos de trabalho! Coisa pouca, não é?...
Da  mesma "perversidade" é o facto desta decisão se ancorar à postura do ministro da Economia (sempre esta "senhora"...) que diz que " a renovação da força de trabalho se faça com pessoas mais qualificadas e que as empresas, sendo mais, sendo mais produtivas, sejam capazes de produzir mais com menos gente" (sic). Bate "certo", não é?...
De estranhar e lamentar mais, é o editorial de Manuel Carvalho no PÚBLICO de 5/12, apoiando esta fria planificação, pois não sendo parte interessada, tem a mesmíssima ideia dos empresários texteis que tudo varrem em nome de da prossecução do escopo vil que perseguem. Lembram-se do que escrevi há dias sobre "crescimento vs desenvolvimento"? Pois neste caso é "decrescer"... para "crescer" noutros lados... Na "Srª Economia", eufemismo de "bolsos de poucos", como diria (penso) o meu amigo José Rodrigues...

Fernando Cardoso Rodrigues