terça-feira, 9 de julho de 2019

A semana "bonifaciana"

Assim tem sido a minha, desde a passada sexta-feira.  O mote foi o artigo de Maria Fátima Bonifácio (MFB),  mas desde aí houve um coro de protestos e já li Manuel Carvalho num editorial de "semi- penitência", um "grito de alma" do José Rodrigues, uma carta "rejeitada" ( afinal não...) de Manuel Martins, um artigo de João Miguel Tavares (JMT) e uns comentários (mais laterais) do Augusto Kuttner. Agora chega a minha vez. Aliás já chegou na escrita e hoje só me limito a cumprir o que prometi ao José e a colocar aqui a carta que enviei ao PÚBLICO. Não sem antes tentar sumarizar o que entendo sobre o artigo de MFB: não estando minimamente de acordo com a "doutrina" que subjaz ao que escreveu ( "cristandade", "nós e eles", etc), não consigo não concordar com exemplos que dá, como o que expresso na carta. Isso torna-me racista? Tenho a certeza que não´. E não gostaria de o ser, bem assim como demagogo. No fundo identifico-me com JMT que, apesar de também ser sido acusado de ser um "nós e eles", no 10 de Junho, "zurze" MFB no PÚBLICO de hoje apesar de se dizer seu admirador... o que não é o meu caso. Apetece-me dizer: "Pode-se concordar com algo, que não com  todo? Sim, sim podemos!". E, talvez, devamos....

    " O artigo de MFB: o todo e as partes"

     Refiro-me, obviamente, ao "Podemos? Não, não podemos" assinado por Maria Fátima Bonifácio (MFB) e inserto no PÚBLICO de 6/7. Que, pelos vistos, tanta "unânime" celeuma desencadeou. De tal modo que obrigou Manuel Carvalho a vir explica a posição do jornal, em editorial de hoje (7/7), num "meio" mea culpa. Assim o defino porque, ao mesmo tempo que assume a democrática pluralidade do jornal, "bate no peito" por o ter deixado dar à estampa. Também eu me vou ficar pela metade, na análise, já que se meio artigo não me agrada pelo que exprime de "ideologia social" fracturante, muito na linha do que a autora vai expressando ao longo do tempo, há uma parte com que estou em total acordo e que é a proposição de abrir as portas da Universidade sem atender ao mérito avaliado só porque... se é negro, cigano, muçulmano. Aliás, como não concordo que haja vagas universitárias para campeões olímpicos, mas tão somente apoio no treino e preparação específica. A Igualdade de oportunidades faz-se na escola básica e depois há toda uma escada de mérito a subir, que não depende da côr da pele, da religião ou da opinião política ou... do "salto em comprimento".
Acrescento que se a integração das várias etnias é desejável, em termos civilizacionais, esse caminho deve ser feito nos dois sentidos. Em quem integra mas também nos que querem ser integrados ( não assimilados!). E se, quanto aos primeiros ( em que avulta o Estado), é óbvio o que tem que ser executado, os segundos têm que abominar a excisão do clítoris, a obstaculização às vacinas ou o uso da adolescência com fins pouco desejáveis. Ser uma "adversária" ideológica a dizê-lo não me incomoda... nesta parte. Ou as verdades não são para se dizer?

Fernando Cardoso Rodrigues

11 comentários:

  1. Como é evidente também se pede , que fora da Europa saibam e queiram integrar os Ocidentais.
    Mas apesar de menos bom momento Europeu no Mundo, hoje, não merecemos artigos tão desintegradores como o desta senhora, que bem está no Observador. O Público claro que fez muito bem em se desculpar, mas a senhora podia ter mais humanismo e Cristandade. E por certo estará de acordo, como tantos americanos estão, com o que Trump está a fazer com os migrantes. Sempre teem a pele mais queimada, mas é do sol, por dentro são tanto Homens como todos os outros. Podrm ter nascido na hora trocada no país errado ou nem isso. ...

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  2. Parece que estamos de acordo quanto ao pensamento de base de MFB. Quanto ao PUBLICO pedir desculpa...não é assim tão claro (sic). Eu até discordo. Agora Augusto: não tem nada para me dizer quanto ao que estive de acordo com a autora do artigo?...

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    1. Caro Fernando , não fugi à sua questão, mas passou-me, cá estou aqui e agora:

      " .....estou em total acordo e que é a proposição de abrir as portas da Universidade sem atender ao mérito avaliado só porque... se é negro, cigano, muçulmano. Aliás, como não concordo que haja vagas universitárias para campeões olímpicos, mas tão somente apoio no treino e preparação específica. A Igualdade de oportunidades faz-se na escola básica e depois há toda uma escada de mérito a subir, que não depende da côr da pele, da religião ou da opinião política ou... do "salto em comprimento".


      100% de acordo. Como é evidente! a começar em Medicina!!!!

      Um abraço

      Augusto

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  3. Não peço desculpa por me intrometer na vossa “conversa”, mas, como diz o Fernando, isto é um blogue. E os blogues são assim.
    Quase adivinho que o Fernando não vai concordar comigo, mas quem se “atirou ao ar” com o artigo da MFB não tem, necessariamente, de estar de acordo com “facilitanços” no acesso ao Ensino Superior, com a excisão do clítoris ou com a obstaculalização das vacinas. Como bem escreveu Manuel Carvalho, e eu sublinhei em comentário a post anterior, as “expressões discriminatórias usadas remeteram a questão das quotas para a irrelevância”. Ponto assente: estarei totalmente de acordo consigo naqueles pontos e, ainda assim, mantenho o meu repúdio pelo artigo em causa. Se MFB quis mesmo que o tema central da peça fossem aquelas questões, do que eu não tenho a certeza, então, em minha opinião, foi, no mínimo, desastrosa.

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    1. Talvez vá surpreendê-lo mas eu até estou em crer que MFB escreveu um texto com muito racismo, aliás como já o disse. O problema que coloco é mais "filosófico": devemos ouvir e até concordar com coisas que vêm de "boca errada"? Devemos, digo eu. E foi o que fiz ao estar de acordo com a não existência de quotas para a Universidade, nos casos citados. Aliás estas qotas já foram, ontem, propostas pelo PS, pela voz da deputada Catarina Marcelino. E a isto chamo de demagogia. E quanto às quotas eleitorais, os partidos que coloquem gente de diferente etnia e religião nas suas listas e em "lugares elegíveis" e... está feito. Quanto à "irelevância" das quotas universitárias na boca de Manuel Carvalho, direi: isso queria ele para compor o editorial a seu favor mas... o artigo de MFB é para ser lido todo e não é ele que escolhe as partes a ler. As tais "partes".
      PS: felizmente estou a voltar as sentir-me num... blogue!

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  4. Nesta coisa da cultura específica de cada povo, usos e costumes, deve ser permitido só o que seja sério, respeite as leis e faça sentido; no mais, ocorre-me uma "máxima" que sempre ouvi por aqui, terra de gente que sempre correu mundo: "Em terra aonde fores ter, faz como vires fazer"...

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    1. Amândio, vá dizer a um muçulmano o que é "sério" e o que não é. Por exemplo. Quanto a mim, mesmo na Índia, nunca comi com a mão...

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    2. Caro Fernando , não fugi à sua questão, mas passou-me, cá estou aqui e agora:

      " .....estou em total acordo e que é a proposição de abrir as portas da Universidade sem atender ao mérito avaliado só porque... se é negro, cigano, muçulmano. Aliás, como não concordo que haja vagas universitárias para campeões olímpicos, mas tão somente apoio no treino e preparação específica. A Igualdade de oportunidades faz-se na escola básica e depois há toda uma escada de mérito a subir, que não depende da côr da pele, da religião ou da opinião política ou... do "salto em comprimento".


      100% de acordo. Como é evidente! a começar em Medicina!!!!

      Um abraço

      Augusto

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  5. É claro que aquele "conselho" não se destina a quem viaja, mas sim para quem for viver em permanência, e refere-se a questões mais importantes, de que deixo este exemplo: familiares meus, que vivem nos arredores de Viana e tinham o andar de baixo da moradia vago, foram assediados por amigos para que arrendassem aquele espaço a uma casal africano, que era boa gente e precisava de casa perto da cidade. Aceitaram dispensar ao casal o res-do-chão, de que não precisavam, e a relação com os inquilinos era óptima, porque eram mesmo boa gente; acontece é que davam muitas festas, com amigos da mesma cor, e depressa se arrependeram, pois nessas noites ninguém dormia, nem eles nem os vizinhos, tal a chinfrineira que aquela gente põe nos seus divertimentos, esquecendo-se por completo de quem à volta vive. Respiraram de alívio quando o casal saíu, por ter comprado casa noutro local, e ficaram vacinados quanto a ter negros por perto...

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    1. Bom, eu não iria por aí quanto à "vacinação". Eu falava unicamente de quotas para a Universidade... e vou continuar a assim.

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