sexta-feira, 26 de julho de 2019


“Investidura fallida”...


Jesus Cristo terá dito a Pedro, que lhe jurava amor eterno, que quando o galo cantasse já o teria negado três vezes, o que, segundo os textos, veio a verificar-se; assim também Pablo Iglésias, que já havia “negado” Sánchez na anterior legislatura, somou agora mais duas, ficando claro que não velerá a pena esperar mais por ele, digo eu, embora em política um leigo seja surpreendido a cada momento.

Assisti aos discursos que precederam esta nova votação, e registei o que disse Sánchez, a dado passo do seu discurso:
 “Les propusimos la formula de Portugal, um Gobierno socialista con apoyos externos, pero ustedes querian entrar en el Gobierno para controlar el Gobierno. Hace falta un Gobierno coherente y no dos Gobiernos. Usted, señor Iglésias, queria un Gobierno paralelo a su medida. De que sirve una Izquierda que pierde incluso cuando gaña?”

Das bancadas da Direita ouviu-se o escabroso do costume, com Rivera dirigindo-se a Sánchez no seu inqualificável estilo: “Usted y su banda han tratado España como un botín para repartirse”; e o PP acusando a Esquerda de “Bochornosa pelea por sillones”. Ora isto, para além de indigno, não corresponde a nada do que se passou porque, se fosse verdade, Sánchez teria os votos suficientes.

Fala-se numa possível votação em setembro mas, seja como for, Sánchez já fica na história da democracia espanhola como o primeiro candidato a presidente rejeitado duas vezes seguidas, embora também tenha sido a primeira vez que os votos foram tão divididos nas eleições.

Resultado final: Sim-124; Abs. 67; Não 155. Total de deputados 350, a que foram deduzidos os 4 deputados catalães que não puderam votar por estarem  presos à espera da sentença do processo independentista. Para uma maioria absoluta eram precisos 176, mas a soma dos “Sim” com os que se abstiveram, que seriam potenciais “Sim” se tivesse havido acordo, ultrapassava os votos necessários...


Amândio G. Martins

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