sábado, 27 de julho de 2019


Deixem o genoma em paz...


Acredito que seja difícil para os cientistas serem impedidos de levar por diante experiências que julgam benéficas para todos; só que, mexer num genoma, com vista a um determinado resultado, deve obrigar a ter em conta todas as consequências, porque se podem melhorar as plantas num aspecto e causar danos de consequências irreparáveis noutros.

Diz a notícia do JN que 70 cientistas portugueses protestam contra as restrições da União Europeia aos organismos geneticamente modificados; pretendem intervir no genoma de algumas plantas, como milho, para as tornar mais resistentes às doenças e evitar o recurso a pesticidas, mas dá para desconfiar que se livrarem as plantas de um mal, estarão a torná-las vulneráveis a outros.

Como dizem os professores Margarida Silva e Francisco Ferreira, da U. Católica do Porto e da  U. Nova de Lisboa, respectivamente, “quando se faz uma mudança, não se faz só uma mudança, há uma cascata de mudanças, que são difíceis de prever.

Nasci no campo num tempo em que cada casa preservava as suas sementes, de ano para ano; mas a intrudução de novas sementes, aconselhadas com o argumento  de melhores produções, tirou às pessoas que cultivam a terra a liberdade de poder gerir esse importante aspecto da sua vida, estando agora nas mãos das multinacionais da agro-indústria, a quem têm de comprar todos os anos semente nova porque, se tentarem semear da produção anterior, nada vai nascer, porque foram programadas para isso.

Já há muito pouco quem, nas aldeias, ainda disponha de milho autóctone, mas se semear um campo com este milho, e ao lado estiver um campo com semente OGM, a semente “tradicional” já fica contaminada pela polinização e, pouco a pouco, deixa de haver semente pura...


Amândio G. Martins



4 comentários:

  1. Pouco percebo de milho transgénico mas uma pergunta que me faço é: e se ele servir para alimentar milhões que, de outro modo, perecerão à míngua?

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  2. Sabe uma coisa, Dr. Fernando: era eu miúdo quando o meu tio António - que tinha muita lavoura e também era o único comerciante cá da aldeia, o que lhe permitia conhecer outras realidades por viajar bastante pelos distritos de Braga e Viana - introduziu aqui aquilo a que o povo chamava "milho de fora". Isto quer dizer que já lá vão para aí uns 60 anos que os milhos híbridos apareceram no mundo, e o argumento seria esse: matar a fome a milhões de seres humanos. Acontece que essas inovações criaram mais problemas ao planeta do que resolveram, porque se aquele argumento fosse verdadeiro já não haveria fome no mundo há muito tempo...

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    1. A questão do bem e do mal que as inovações fazem é certamente um problema "filosófico" que deve ser debatido à exaustão. De acordo. Agora o que se também sei é que essa discussão deve integrar os dados todos e milho híbrido e milho transgénico não são a mesma coisa.

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  3. Pois não, mas foi por aí que começaram a mexer na planta...

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