Atento ao bom
artigo de Lúcia Gomes (Diplomacia MacDonald), edição de 18/07/19, e aos lúcidos
comentários de José Valdigem, que já residiu nas terras brasileiras, e de
Fernando Rodrigues, sobre a pretensão do atual presidente do Brasil de ver seu
filho nomeado embaixador nos Estados Unidos, tenho a dizer que, caso isto
ocorra, será um grande retrocesso na evolução histórica político- administrativa
do país.
Não se trata de
nada ilegal, mas como diz o apóstolo Paulo (I Coríntios, 6:12), nem todas as
coisas lícitas são convenientes. É inaceitável, em regime democrático, a
nomeação de filho de presidente sem notória expressão cultural e experiência diplomática
para a embaixada de uma grande potência internacional.
Importante ressaltar
que, no estágio atual da humanidade, país amigo ainda é utopia, principalmente
em se tratando dos Estados Unidos, com sua tradicional prepotência, que levou a
líder religiosa adventista Helen White a considerá-los, em seu livro o “Grande
Conflito”, como a segunda besta do Apocalipse. O que existe, na realidade, em
termos de intercâmbio entre nações, é uma parceria imposta por interesses recíprocos.
Poderá ser um
fato inédito na história da República brasileira implantada por um golpe
militar chefiado pelo marechal Deodoro, cuja real
intenção era de apenas fulminar o gabinete ministerial presidido por visconde
de Ouro Preto. Teria sido melhor a continuidade da monarquia constitucional
dirigida pelo sábio imperador D. Pedro II, com um certo aprimoramento, nos
moldes britânicos, do já existente sistema parlamentarista.
E assim, caía a
única e verdadeira república da América do Sul, segundo afirmou, na época, um governante
latino-americano. Mais tarde, num rasgo de bom- senso prestigiando a cultura,
nomeou-se o ilustre e liberal monarquista Joaquim Nabuco de Araújo, descendente
de família de ascendência portuguesa, fiel amigo do imperador e destacado
batalhador pela abolição de escravatura no Brasil, com prévia adoção de um novo
sistema agrário, para a embaixada em Washington. Ao assumir o cargo, disse que
o aceitava sem adesão ao regime republicano, mas por amor à pátria.
Foi, sem
dúvida, um grande ato do presidente Rodrigues Alves (1905). Afinal, república não
é coisa nossa, mas coisa pública, como a própria língua latina expressa (RES
PUBLICA).
Vivaldo Jorge de Araújo,
ex-professor de História e Língua Portuguesa do Lyceu de Goiânia, é escritor e
procurador de justiça aposentado do Ministério Público do Estado de Goiás,
Brasil.
Sinto-me suficientemente esclarecido, quanto ao seu pensamento, quando diz: "caso isto ocorra, será um grande retrocesso".
ResponderEliminarO Professor é cá dos nossos. É um volteriano. Ou como diz a nossa Ana Gomes: faz uso da sua própria cabeça.