quarta-feira, 24 de julho de 2019


Difícil investidura...


Vi parte do debate e votação em que  Pedro Sánchez tentava a investidura, e aconteceu o que já quase todos esperavam, ficando a decisão adiada por 48 horas, dada a diferença de pontos de vista quanto ao que deve ser a participação de “Podemos” no Governo, que Sánchez quer controlar por completo, afirmando que não pode haver ministros do PSOE e ministros de UP, mas ministros e ministras de Espanha, o que faz todo o sentido, porque a tendência do pequeno partido será tentar afirmar-se como motor e “fiscal” da governação.

E a porta-voz dos socialistas, Adriana Lastra, num discurso notável, foi muito clara quando disse que “No necesitamos de un guardian de la Izquierda, lo que necesitamos son socios leales”, lembrando aos de “Podemos”que terão de se habituar a deixar o discurso sectário, ao contrário do que fizeram na fase anterior, “a la portuguesa”, em que, ajudando os socialistas a fazer passar medidas importantes, depois as reivindicaram como sendo suas, como aconteceu quando contribuíram para que o salário mínimo passasse para 900 euros, abusando do argumento em campanha eleitoral, aliás, como também acontece por cá...

Era seguro que as direitas nem se absteriam, como sempre afirmaram, mas não se esperavam as “indecências” de Albert Rivera, Inês Arrimadas e Álvarez de Toledo, catalogando Pedro Sánchez de chefe de um bando que vai tentar destruír Espanha, coisa que eles tudo farão para impedir; assim, a coisa ficou adiada até ao dia 15, para nova votação, para o que os socialistas tentarão limar  arestas com “Podemos”, “Juntos por Catalunha” e “Esquerda Republicana”, para que Sánchez seja finalmente  investido presidente do Governo.

E a propósito desta difícil “contenda”, ocorrem-me as palavras ouvidas há dias a uma figura notável de fora da política, Henrique San Francisco, aquando do recente lançamento de um livro, numa entrevista a Cristina Pardo, no canal “La Sexta”:

“Los españoles no hemos perdido el sentido del humor, pero estamos más tristes. Los políticos manejan un idioma donde hablan mucho pero nunca dicen nada; no quieren nada a su país, lo unico que quierem es el poder. Yo me cabreo tanto que ya ni pongo el telediário”.


Amândio G. Martins

2 comentários:

  1. Realmente a coisa politica espanhola está difícil mas... não concordo nada com a posição de Henrique San Francisco quando diz que não ouve o "telediário". Mais ainda quando tem "púlpito" onde o dizer... Felizmente que o Amândio Martins e eu, vemos o nosso equivalente telejornal apesar de, pelo menos eu, só irmos analisando o mundo neste cantinho. E votando, nunca abstendo-me!

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  2. Também posso afirmar com verdade que nunca me abstive, e já tive de viajar mais de cem quilómetros para poder votar, quando mudei de residência e não estava inscrito nos cadernos na nova localidade; quanto a ver o telejornal, depende de como começam, porque sendo suposto abrirem com o mais importante do dia, se o que me apresentam não passa de banalidade, zarpo logo...

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