segunda-feira, 1 de julho de 2019


Dizer o que é preciso ser dito...


Um dia destes, o Dr. Fernando Rodrigues tocou aqui a questão do “boicote” do PCP a Marisa Matias, tendo originado um comentário de um correlegionário de João Ferreira que, elegantemente, como é seu timbre, esclareceu melhor o que terá acontecido, comentário que levou um dos “duros” do mesmo partido a dizer-lhe  que ter-se dado àquele trabalho foi como dar “pérolas a porcos; assim, transcrevo o que sobre o tema escreveu Valter Hugo Mãe no seu mais recente texto no JN:

“Jerónimo de Sousa já havia dito de Marisa Matias que esta era “engraçadinha e populista”, como se fosse uma moça algo decorativa na política nacional, a fazer o seu percurso pelo mesmo sem fundo com que passam os troca-tintas. Que o PCP nos vai deixando umas pérolas amargas de um conservadorismo decadente já não é novidade.

O silêncio ou apoio a regimes opressivos de extrema-esquerda será o que mais repulsa causa, estando muito além do que pode ser uma ideologia e colocando-se como uma muito duvidosa questão de cariz moral. A opressão, à Esquerda ou à Direita, é imoral, não é um ponto de vista, não é uma opção.

Marisa Matias tem nada de engraçadinha ou de populista. É uma das pessoas mais bem preparadas da nossa política, capaz de se manter informada e elegante quando a desvalorizam, sobretudo, por ser mulher.
                                                                       (...)
A frustração que me causa o veto do PCP à sua eleição para a presidência do grupo parlamentar Esquerda Unitária Europeia acontece porque admiro João Ferreira e espero dele um novo tempo para o seu partido. E frustra-me porque o cargo que Matias poderia ocupar não se impõe ao colectivo de 41 eurodeputados, é um cargo directivo que propende para uma representação sem poder, que não vincularia sem remédio joão Ferreira.

É curioso como a Esquerda se mede em milímetros e a Direita em largas milhas. A Esquerda escrutina-se e inferniza-se por detalhes, a Direita convive consigo mesmo entusiasticamente, coligando-se numa cumplicidade que já poderia haver ensinado à Esquerda o leviano de se boicotar a si mesma.
                                                                              (...)
Noto, mais uma vez, o atabalhoado do PCP ao fugir à assunção e à explicação cristalina do seu veto. Com isto, vão mudando os tempos e os eleitorados. Só revela que Matias, paulatinamente, deixa bem claro que não está para graças”.


Amândio G. Martins


2 comentários:

  1. E é mesmo dar pérolas a "porcos". Como o que estava em causa e você. Politicamente, principalmente o primeiro, não têm qualquer moral para "grunhir".

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  2. Valter Hugo Mãe, como muita boa gente simpatizante ou do BE, tem também o «preconceito de estimação» em relação ao PCP. Marisa Matias é engraçadinha e o João Ferreira não é desengraçado... Mais uma vez se tenta esconder que além dos dois portugueses havia outros candidatos... e que é normal haver discussão e discordâncias até chegar a uma solução. Mais complicado parece estar a indicação dos altos responsáveis da UE, mas tal também não deixa de ser normal...

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