domingo, 27 de outubro de 2019

A TURQUIA E SUA MODERNA HISTÓRIA


Ao ver estampados nos jornais mundiais notícias da fraticida e prolongada questão turca com os curdos, me veio à mente que assim como este povo sem pátria, a própria Turquia para se manter como nação teve que recorrer a luta armada após o fim da primeira grande guerra.  

Não se pode falar sobre a Turquia moderna, sem lembrar do grande Mustafá Kemal, chamado de Atatürk (pai da Turquia),  a meu ver, um dos maiores estadistas de todos os tempos, que, através de suas  ousadas realizações, endereçou  a Turquia da era medieval para moderna, um feito considerado maior do que Pedro, o grande, representou para Rússia.  
A trajetória de Kemal se confunde com a própria história recente da Turquia, pelas reformas profundas que implantou em seu país, entre os grandes líderes da história, poucos conseguiram tanto em tão curto período, transformando a vida de uma nação de forma tão decisiva.
Tudo começando após o termino da 1ª guerra mundial, na fria e enevoada manhã do dia 12/11/1918, quando 60 navios de guerra capitaneados pelos ingleses, vencedores que foram da guerra (o império otomano era aliado dos alemães), invadiram a cidade de Istambul, através do Dardanelos, ancorando a frota no histórico Chifre de Ouro (braço europeu do estreito de Bósforo), com seus canhões apontados para o palácio do sultão e para chamada Sublime Porta, nome que se dava à sede do governo.
Conta-se que o Sultão, diante deste fato consumado tenha convocado Kemal, um dos seus generais mais brilhantes, disponibilizando recursos, para que ele comandasse a resistência aos invasores no interior do país, aproveitando a geografia montanhosa da Anatólia, com quartel de  comando na cidade de Ancara (que veio a ser mais tarde a capital do país).
Existem outras versões para o fato acima, creio que esta é a mais realista, por ser sido narrado no romance biográfico, “Em Nome da Princesa Morta”, da jornalista investigativa, francesa de origem turca, Kenizé Mourad, filha de uma das últimas princesas do extinto Império Turco (Otomano). A credibilidade das informações partiu de elementos da própria família imperial, portando, de testemunhas oculares da História.
Após várias escaramuças, com altos e baixos nas batalhas, conseguiu as tropas nacionalistas de Mustafá Kemal, expulsar os gregos e forçar os aliados comandados pela Inglaterra a assinar o chamado acordo de Lousanne (27/07/1923),  onde a Turquia perdeu seu império nos bálcãs, oriente médio e norte da África, mas em contrapartida ,se constituindo em uma nação livre e autônoma, com pleno domínio da cidade de Istambul, da península da Anatólia e dos estreitos, com a ressalva de que nesses, ficava proibido o uso de navios de guerra.
Os ingleses e aliados só aceitaram os termos do tratado de Lousame,  pelo respeito que tinham da capacidade militar do Atatürk, vindas da fragorosa derrota da esquadra inglesa, até então imbatível, na batalha de Galípoli no início da primeira grande guerra, onde estima-se a morte de 200.000 combatentes aliados. Esta histórica batalha foi comandada por Kemal e no lado inglês por Winston Churchill, que mais tarde veio a ser herói na segunda grande guerra.
Não esquecendo que as descobertas marítimas portuguesas, deveu-se em parte, ao domínio Otomano no Mediterrâneo. A navegação nesta rota para Ásia passou ser inviável pela demasiada exigência deste império islâmico, forçando aos intrépidos navegadores lusitanos a procurar uma rota alternativa pelo Atlântico. Nesta esteira em uma destas ousadas viagens, o Brasil foi descoberto.   

2 comentários:

  1. Já o disse antes: somente duas vezes escrevi a minha homenagem nos livros locais. Uma no túmulo de Attaturk em Ancara e outra no cemitério da praia alcantilada onde se deu o desenbarque aliado na Normandia...

    ResponderEliminar
  2. Ataturk estará a dar voltas na tumba, se puder ver as acções do actual presidente da pátria que fundou...

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.