Ao ver
estampados nos jornais mundiais notícias da fraticida e prolongada questão
turca com os curdos, me veio à mente que assim como este povo sem pátria, a
própria Turquia para se manter como nação teve que recorrer a luta armada após
o fim da primeira grande guerra.
Não se pode
falar sobre a Turquia moderna, sem lembrar do grande Mustafá Kemal, chamado de Atatürk (pai da
Turquia), a meu ver, um dos
maiores estadistas de todos os tempos, que, através de suas ousadas realizações, endereçou a Turquia da era medieval para moderna, um feito
considerado maior do que Pedro, o grande, representou para Rússia.
A
trajetória de Kemal se confunde com a própria história recente da Turquia,
pelas reformas profundas que implantou em seu país, entre os grandes
líderes da história, poucos conseguiram tanto em tão curto período, transformando
a vida de uma nação de forma tão decisiva.
Tudo
começando após o termino da 1ª guerra mundial, na fria e enevoada manhã do dia
12/11/1918, quando 60 navios de guerra capitaneados pelos ingleses, vencedores
que foram da guerra (o império otomano era aliado dos alemães), invadiram a
cidade de Istambul, através do Dardanelos, ancorando a frota no histórico
Chifre de Ouro (braço europeu do estreito de Bósforo), com seus canhões apontados
para o palácio do sultão e para chamada Sublime Porta, nome que se dava à sede
do governo.
Conta-se
que o Sultão, diante deste fato consumado tenha convocado Kemal, um dos seus
generais mais brilhantes, disponibilizando recursos, para que ele comandasse a
resistência aos invasores no interior do país, aproveitando a geografia
montanhosa da Anatólia, com quartel de
comando na cidade de Ancara (que veio a ser mais tarde a capital do
país).
Existem
outras versões
para o fato acima, creio que esta é a mais realista, por ser sido narrado no
romance biográfico, “Em Nome da Princesa Morta”, da jornalista investigativa,
francesa de origem turca, Kenizé Mourad, filha de uma das últimas princesas do
extinto Império Turco (Otomano). A credibilidade das informações partiu de
elementos da própria família imperial, portando, de testemunhas oculares da
História.
Após várias
escaramuças, com altos e baixos nas batalhas, conseguiu as tropas nacionalistas
de Mustafá Kemal, expulsar os gregos e forçar os aliados comandados pela
Inglaterra a assinar o chamado acordo de Lousanne (27/07/1923), onde a Turquia perdeu seu império nos bálcãs,
oriente médio e norte da África, mas em contrapartida ,se constituindo em uma
nação livre e autônoma, com pleno domínio da cidade de Istambul, da península
da Anatólia e dos estreitos, com a ressalva de que nesses, ficava proibido o
uso de navios de guerra.
Os ingleses e
aliados só aceitaram os termos do tratado de Lousame, pelo respeito que tinham da capacidade militar
do Atatürk, vindas da fragorosa derrota da esquadra inglesa, até então
imbatível, na batalha de Galípoli no início da primeira grande guerra, onde
estima-se a morte de 200.000 combatentes aliados. Esta histórica batalha foi
comandada por Kemal e no lado inglês por Winston Churchill, que mais tarde veio
a ser herói na segunda grande guerra.
Não esquecendo
que as descobertas marítimas portuguesas, deveu-se em parte, ao domínio Otomano
no Mediterrâneo. A navegação nesta rota para Ásia passou ser inviável pela
demasiada exigência deste império islâmico, forçando aos intrépidos navegadores
lusitanos a procurar uma rota alternativa pelo Atlântico. Nesta esteira em uma destas
ousadas viagens, o Brasil foi descoberto.
Já o disse antes: somente duas vezes escrevi a minha homenagem nos livros locais. Uma no túmulo de Attaturk em Ancara e outra no cemitério da praia alcantilada onde se deu o desenbarque aliado na Normandia...
ResponderEliminarAtaturk estará a dar voltas na tumba, se puder ver as acções do actual presidente da pátria que fundou...
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