sexta-feira, 25 de outubro de 2019


“Hoy España cumple consigo misma”...


Assisti pela TV à saída dos restos do ditador Franco do Vale dos Caídos e à chegada ao local onde deverá ficar definitivamente, ao lado de sua mulher, após uma missa celebrada pelo padre Ramón Tejero, filho daquele Tejero que em tempos tentou derrubar a democracia, entrando no Congresso aos tiros e vivas a Franco.

Ao apelo da Fundação Francisco Franco para que acorressem ao cemitério de Mingorrúbio com flores e cânticos, já que ao Vale lhes estava vedada a entrada, apareceram umas centenas de saudosistas, entre eles esse tal Tejero, alguns gritando que Franco estava no céu e Sánchez nunca lá chegará, coisa que não o preocupará minimamente; de facto, numa declaração institucional na Moncloa, congratulou-se com o fim de um processo que envolveu os três poderes, legislativo, executivo e judicial, não tendo sido atropelado nenhum direito, afirmando que “hoy España cumple consigo misma”.

Foi preciso esperar 44 anos para que um Governo, mesmo que em funções “provisórias”, tivesse o "atrevimento" de meter ombros àquilo porque, daqui para trás, nunca houve coragem, escudando-se os vários governos na desculpa de que não era oportuno; e mesmo agora, vendo que a coisa era mesmo irreversível, toda a direira mostrou azia com o processo, acusando ridiculamente Sánchez de organizar um “necroshow” em campanha eleitoral.

Na  verdade, tudo foi feito com muita dignidade da parte do Estado, com a  participação da ministra da Justiça como “notária-mor” do reino e dois secretários de Estado; apenas alguns familiares destoaram à retirada do esquife da tumba, tentando provocar a ministra, que se manteve impassível quando uma neta do ditador se lhe dirigiu gritando “vergonha, profanação, viva Franco, viva Espanha”! Era toda a seita dos
Martínez-Bordiú, netos, bisnetos e descendentes a remoer um acto que nunca acreditaram que fosse possível, tal a impunidade com que têm vivido da fortuna roubada aos espanhóis...


Amândio G. Martins






2 comentários:

  1. Onde está o regime franquista/fascista de que alguns falam por aqui?...

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  2. São criaturas que, tão absorvidas a ouvir-se a si próprias, nem reparam que mais ninguém as ouve ou, se inadvertidamente o fazem, ficam a bater com o indicador na testa...

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