domingo, 20 de outubro de 2019


Derrotados em toda a linha...


A clique irresponsável que constitui a “generalitat” da Catalunha saíu do caos de que foi principal instigadora ainda mais fragilizada perante o mundo; e o presidente daquilo, como primeiro responsável pela segurança de pessoas e bens, alijou completamente essa responsabilidade, transformando-se em mais um activista na desordem, não havendo para ele outro caminho que não seja a porta das traseiras, tal como para o seu vice, Pere Aragonès.

E nem um nem outro tiveram sequer a decência de condenar sem subterfúfios a violência, antes a incentivaram, com o Quim como mandante dos vândalos: “Vosotros, amigos de los CDR, apretad”, tinha dito pouco antes; conhecidos na Catalunha como grupos de desordeiros organizados, outra coisa não era de esperar que não fosse violência, demonstrando tamanha inteligência que a marcha de passeantes que entupiu as principas vias a caminho da capital passou para segundo plano, já que a principal marca que vai prevalecer perante o mundo é a violência destrutiva.

De louvar a contenção do Governo central que, apesar de estar fragilizado, soube resistir aos apelos agressivos das direitas para entrar em força, tendo sabido resistir ao que poderia transformar-se num banho de sangue, de que aqueles partidos e os extremistas demonstram constantemente ter sede; de facto, estes independentistas no Poder têm feito tudo para acirrar contra eles a má vontade geral e, a continuar assim, ainda vão ultrapassar em derrotas o “nosso” tenista João Sousa.

Andam há séculos a lutar pela independência, o que revela não serem assim tão valorosos como alguns “aluados” os querem pintar, até porque os verdadeiros catalães querem é que os deixem viver e trabalhar em paz e sentem orgulho em pertencer à grande nação espanhola, enquanto essas “vanguardas” aventureiras fazem tudo para criar má vontade contra elas, onde até nas coisas mais corriqueiras se destacam pela negativa, como aquela porta-voz da “Generalitat”,  chamada Meritxell Budó, que implica sempre com os jornalistas que a questionem em castelhano, negando-se a responder-lhes...


Amândio G. Martins

4 comentários:

  1. No estrito respeito pelo direito de opinião - que também não me furto a exercer - nunca poderia deixar este texto sem os meus comentários. Antes de mais, porque me custa muito ver a meter no mesmo saco coisas que são, evidentemente, de cariz diferente, como são os casos das moles manifestantes, pacíficas há décadas (e, pelos vistos, nada ganhando com isso), com hordas não muito numerosas, mas profundamente barulhentas e, vamos lá, perigosas. A este respeito, tenho notícia - e vi na TV, segundo interpretação da própria repórter - gente de uma manifestação a tentar impedir e dissuadir arruaceiros da outra de praticarem desacatos. Pode parecer demagogia, que não quero que seja, mas não resisto a perguntar: onde pára, nesta trapalhada toda, a extrema-direita? Parece-me que se vê bem por onde anda…
    Tenho notícia, também, de que os famosos Mossos de Esquadra, aparentemente mais “brandos” para com os concidadãos catalães, têm redobrado nos seus ímpetos, não hesitando em dispersar com bastante violência alguns ajuntamentos de pessoas sentadas na rua, admoestando, inclusivé, turistas que nada têm a ver com as questões internas espanholas. Se isto é a “contenção” do Governo central, que já reforçou os contingentes policiais catalães com forças não catalãs... A contenção de Sánchez tem um nome: manietação pela direita espanhola, incluindo os “moderados” do Vox.
    É certo que a imagem que vai passar para o exterior não será a das esmagadoras manifestações de gente ordeira e pacífica - “iguais a nós, velhos, mulheres, donas de casa, trabalhadores, jovens casais, moradores, professores, funcionários, gente LGBT, gente conservadora…”, como escreveu Pacheco Pereira (PP), no Público de ontem, em texto que desmonta o mito da “Espanha una, grande e livre”, que não é, nem nunca o foi. Nesse mesmo texto, PP chama a atenção para um fenómeno que me anda a preocupar há já algum tempo, que é o do alinhamento tendencioso da maioria da comunicação social espanhola com Madrid e, concomitantemente, o seguidismo dessa posição por uma grande parte da comunicação portuguesa. Para além da falta de preparação que detecto em alguns dos “enviados especiais”, não consigo entender a falta de rigor e de isenção, com constantes interpretações abusivas e erradas nas análises que fazem. Devo reconhecer que há excepções a esse alinhamento tendencioso, mas elas encontram-se, normalmente, nos sectores da análise e não dos puramente noticiosos. Dou como exemplo o texto de Valter Hugo Mãe (VHM), no JN de hoje, reprovando a “folia legalista” que invade muita gente aparentemente bem pensante. Mas, a verdade é que, repito, a imagem que certamente vai perdurar, vai ser a do caos e violência nas ruas, e não posso deixar de apontar acusadoramente o dedo à cobertura noticiosa que dos acontecimentos se vai fazendo, e que, em minha opinião, peca frequentemente por falta de rigor deontológico.
    Finalmente, a “clique irresponsável” personificada na “Generalitat”, que, não esqueçamos, foi ELEITA. A extrema divisão entre os diversos sectores independentistas (que, em si mesmo, não é um defeito, será antes pluralismo) possibilita a existência de muitos erros. Em todo este processo, não vejo ninguém que não os tenha cometido. Mas, como VHM, questiono: custa muito perguntar ao povo o que ele quer? Ou o povo não tem quereres? A última imagem que tenho é a de Quim Torra a sugerir diálogo e Sánchez a recusá-lo. Os argumentos para as diversas posições hão-de surgir (como sempre), mas essa é a imagem da “boa vontade” de Madrid que, por força, há-de “querer, poder e mandar”.

    ResponderEliminar
  2. Nenhum Governo espanhol, muito menos este, com os dias contados, vai "dar" à Catalunha um estatudo diferente do que já tem, que é o de qualquer outra Região Autonómica do país; a polícia autonómica foi auxiliada por forças enviadas pelo Governo central por evidente insuficiência de elementos para fazer frente à violência e entenderam-se muito bem; quanto à dureza destas forças policiais, o número de profisionais da polícia que tiveram de receber assistência e internados com graves ferimentos é elucidativo; Torra, que não quis evitar a violência, antes a promoveu, não tem qualquer legitimidade para fazer exigências que, além do mais, sabe que ninguém lhas vai poder atender e já lhe foi claramente dito que não terá interlocutor enquanto não condenar claramente o violência; o sectarismo dos grupelhos que tolhem a governação catalã é tal que ainda ontem o deputado ao Congresso e porta-voz da Esquerda Republicana, Gabriel Rufián, teve que ser retirado de uma manifestação debaixo de apupos de "traidor!" só porque, esse sim, condenou a violência, que sabe não os vai leva a nenhum lado que interesse aos catalães

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mais do que “factos”, as opiniões que aqui expressa são, na minha apreciação, claramente insuficientes para que possamos atribuir total razão a qualquer um dos lados. De qualquer modo, julgo saber que os estatutos das regiões autonómicas em Espanha não são uniformes (basta pensar na autonomia fiscal do País Basco). E não esqueçamos que os elementos detonadores destas manifestações mais recentes foram as sentenças que o Supremo Tribunal aplicou aos “prevaricadores”, usando a lei de forma não claramente em total cumprimento da legalidade. Pelo menos é este o entendimento que a Federação Internacional dos Direitos Humanos lhe aplica, registando “atentados fundamentais contra o direito da defesa”.
      Mas bem podíamos estar aqui a desfiar argumentos para os dois lados - que os há, não somente para um deles - sem que as nossas posições de princípio se alterassem...

      Eliminar
  3. Quererem ser independentes a todo o custo, sem olhar aos direitos dos que não o querem, já se viu que não é o caminho do sucesso; e acusar agora Madrid de falta de diálogo, quando das primeira acções de Sánches foi deslocar-se à Catalunha para falar com Torra, não faz sentido; acontece é que, enquanto não mudarem a cassete do "exigimos isto, exigimos aquilo", que a Constituição espanhola não contempla, nenhum Governo central pode fazer nada por eles. Mas alguns dos condenados, em nome dos quais se têm visto actos vandálicos, não dão cobertura a nada daquilo, como ainda agora se viu com Carme Forcadell, que disse não ter chorado quando ouviu a sentença e chorou agora ao ver tanta destruição gratuita...

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.