É um debate velho, este da relação entre arte e ideologia. A dupla atribuição do Prémio Nobel da Literatura feita ontem, volta a trazê-lo à colação, com a designação de Olga Tokarczuk (2018) e Peter Handke (2019). O perfil dos dois, como pessoas, é totalmente diferente. A senhora é antagonista da extrema-direita, o senhor apoiou militantemente o já falecido sérvio Milan Milosevic, assassino-mor da ainda recente guerra dos Balcãs. Lembremo-nos, só no campo da literatura, de Martin Heidegger, filósofo nazi, ou do antissemita Louis-Ferdinand Céline, autor do "Viagem ao Fim da Noite" ( que não apreciei nada). Ficarei - como o "guarda redes no momento do penálti" - numa "angústia" de escolha entre ligar ou dissociar o tandem que mistura literatura e ideologia. Mas confesso que prefiriria que Peter Handke não tivesse apoiado a "besta sérvia"...
Fernando Cardoso Rodrigues
sexta-feira, 11 de outubro de 2019
5 comentários:
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De facto, o Prémio é atribuído à, independentemente do que for a pessoa do autor; a "incongruência" permite que uma figura de comportamento pessoal exacrável possa ser galardoada...
ResponderEliminar"atribuído à obra", queria dizer...
ResponderEliminarCLARO:
ResponderEliminarMas confesso que preferiria que Peter Handke não tivesse apoiado a "besta sérvia"...
Soube há momentos, por Pedro Mexia, que o comité Nobel tem, agora, nos estatutos, que não leva em conta ideologias políticas. Ao contrário de antes em que, por exemplo, chegou a escrever que o prémio nãp poderia se atribuído a Jorge Luís Borges por ser de direita. Mas isto não muda nada ao que eu disse pois acho isso muito bem, somente.... Milosevic foi julgado por crimes contra a Humanidade... O que não abona nada em favor de Peter Handke, embora não fosse ele o criminoso. Continuo angustiado...
ResponderEliminarMas o NOBEL (Prémio) já não é o que era….como tantas outras coisas, talvez um tempo cíclico descendente da Humanidade!!!
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