terça-feira, 8 de outubro de 2019

Tanta inteligência




Se não me falhou a “contabilidade”, foram oito as vezes que António Costa Silva, Professor do Instituto Superior Técnico, utilizou a palavra inteligente/inteligência, no seu artigo “Portugal e a ponta do icebergue”, no PÚBLICO de 5 de Outubro, sempre adjectivando realidades bem tangíveis (capital, investimento, políticas públicas, redes energéticas, governação). E tudo isto precisamente na mesma edição em que a frase de Tolentino Mendonça “ser humano é um grande risco” é puxada ao título de um texto de António Marujo. Nunca o professor do Técnico a aplicou em contexto de humanismo, que é de onde provém toda e qualquer forma de inteligência, incluindo a “artificial” que alguns tentam desenvolver.  
É esta desumanização que há-de servir para transformar o Homem em instrumento meramente produtor de riqueza, em perseguição de um crescimento económico sem fim? Mas produtor de quê, para quê e para quem? Oxalá esta Igreja que o Papa Francisco tenta reconstruir permita que a verdadeira “inteligência” ilumine a actividade humana. Este é o meu desejo, e estou certo de que é o de muitos outros, sem precisarmos de ser crentes. Basta sentirmo-nos parte integrante da verdadeira Humanidade.   Público - 14.10.2019

1 comentário:

  1. Realmente o uso das palavras, é sempre importante e... "traiçoeiro". Olhe, lembro-me que, aqui há tempos, no período de perguntas a uma comunicação que fiz num congresso, um ilustre colega me ter pedido que retirase a a expressão "capital humano". "Bati no peito" e percebi-o...

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.