“Un fraude
con mucha miga”
Como sou do tempo em que cada família, nas aldeias, fazia em
casa o “pão nosso de cada dia”, que quando a fome apertava, entre refeições,
era o que tinha de estar sempre disponível, ainda hoje é o pão a primeira coisa
a que deito a mão, quando me sento à mesa, mesmo que este importante alimento
já não tenha nada que se compare com aquele do meu tempo de criança, ainda que
lhe chamem “broa de milho”, pois já são raras as casas que cozinham a sua broa,
e a minha não foge à regra , sujeitando-me ao que traz o padeiro, que nunca
sabemos bem o que realente é; enquanto o pão feito noutros tempos, conforme o
tamanho da família e da fornada, durava uma semana e até duas em bom estado, a “broa”
que hoje se compra, se não a puserem no frio, no dia seguinte, se for verão, já tem “miasmas” de apodrecimento!
No programa “Equipo de investigación”, do canal televisivo
“La Sexta”, com o título “La gran mentira del pan”, o assunto de ontem era a
qualidade do pão que se come em Espanha, e o que descobriram, ajudados por
análises de laboratório, não foi nada tranquilizador, desde os fermentos e
aditivos, passando por falhas enormes no pão integral que, nalguns casos, de
integral só tinha o nome.
Com as modernas indústrias de moagem e panificadoras, os
“panaderos tradicionales” foram desaparecendo, calculando-se mais de 5000 nos
últimos anos; e quando a curiosidade do repórter, perante o cartaz que
anunciava “cocido en horno de leña”, quis verificar onde estava o forno e a
lenha, ficou a saber que o forno era aquecido a gasóleo.
“Lo que no te mata te hace más fuerte”, dizia um brincalhão;
uma ova, digo eu, porque quem come daquilo por muito tempo acaba por ir
morrendo aos poucos, da pior das mortes, que é a morte lenta, sem nem saber o
que lhe acontece...
Amândio G. Martins
É o que eu chamo da grande "mentira universal"! Que enforma muito daquilo em que se toca, se se toca...
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